Começou a fazer vítimas a lista de delação do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, preso na operação Lava-Jato da PF. Ele havia passado, para que o ministro (STF) Teori Zavascki homologue o acordo de delação premiada, um rol de nome envolvidos com o esquema de propina da Petrobras com os nomes de 12 senadores, 49 deputados federais e um governador. Em verdade, ninguém havia  tido acesso ao depoimento, mas já começam a vazar alguns nomes entregues ao STF pelo ex-diretor.

Já apareceram como citados os nomes de governadores de três Estados, que teriam sido beneficiados por investimentos da estatal. A informação está na revista Veja desta semana. São os governadores Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, Roseana Sarney, do Maranhão (onde a estatal constrói uma refinaria "premium"), e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em acidente aéreo no último dia 13. Também estão na lista o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, além de seis senadores e pelo menos 25 deputados federais.

No sistema de propina, que já está sendo batizado de MENSALÃO DOIS, entre os senadores, segundo o Portal do Estadão, estaria o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e, conforme a Veja, também o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), além dos senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Romero Jucá (PMDB-RR). Entre os deputados, estariam Cândido Vaccarezza (PT-SP) e João Pizzolatti (PP-SC).

Também foram citados o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte, e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que faria a "ponte" do esquema com o partido. O nome de Vaccari já havia aparecido nas investigações da Lava Jato. Ele teria visitado empresas do doleiro Alberto Youssef, a principal engrenagem do esquema investigado na Lava Jato. Nas conversas com a PF, o ex-diretor teria dito também que, quando estava na Petrobras, entre 2004 e 2012, conversou diretamente com o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para tratar de assuntos da empresa. Nos bastidores políticos, Costa era apontado como um homem que resolvia problemas. Consta que Lula o chamava de Paulinho.

PROPINA BILIONÁRIA DA REFINARIA DE PASADENA TAMBÉM FOI DISTRIBUÍDA ENTRE ALIADOS

Segundo apurou a Veja, nas mais de 40 horas de depoimentos, dados num esquema de delação premiada, Paulo Roberto Costa tem ajudado os investigadores a mapearem o esquema que se instalou na Petrobras. A revista Veja aborda que o esquema teria funcionado até 2012, servindo para garantir a base de apoio político a Dilma no Congresso nos dois primeiros anos de seu mandato, embora nada do pouco que vazou para a imprensa tenha, ainda, incriminado a presidenta/candidata.

O que foi dito é que Costa ainda não detalhou as conversas com o presidente Lula e nem explicou a participação de cada um dos políticos no esquema. Mas ele confirmou o que já era sabido por muitos: PARA FECHAR CONTRATOS COM A ESTATAL, AS EMPRESAS ERAM OBRIGADAS A PAGAR UM "PEDÁGIO". Esses recursos eram "lavados", com a ajuda de Youssef, e depois utilizados para irrigar a base aliada do governo no Congresso Nacional no melhor modelo do MENSALÃO (II)

Costa teria revelado que esse mesmo esquema teria funcionado na polêmica compra da refinaria de Pasadena, que gerou um prejuízo de US$ 792 milhões para a Petrobras. Em resumo, é o MENSALÃO II DO PT, com a diferença, como diz a Veja, que agora as cifras são bilionárias. A Veja diz ainda que o ex-diretor decidiu contar o que sabe porque teme repetir a história do publicitário Marcos Valério. Operador do esquema do Mensalão, Valério optou pelo silêncio e acabou condenado a 40 anos de prisão.

O POÇO SEM FUNDO DA CORRUPÇÃO DO GOVERNO DO PT REVELA OS NEGÓCIOS DE OUTRO DIRETOR: NESTOR CERVERÓ, NO URUGUAI

A veja revela, em outra reportagem os negócios suspeitos no ramo imobiliário de outro ex-diretor da Petrobras investigado pelo caso Pasadena, Nestor Cerveró. O apartamento em que ele viveu durante cinco anos na Zona Sul do Rio de Janeiro, avaliado em R$ 7,5 milhões, pertence a uma offshore uruguaia que tem como representante no Brasil o advogado Marcelo Oliveira Mello, que seria amigo do ex-diretor. Marcelo atuou no departamento jurídico da Transpetro - uma subsidiária da Petrobras, presidida pelo cearense Sergio Machado - e foi sócio do escritório Tauil, Chequer & Mello, que é parceiro do escritório Thompson & Knight na defesa da estatal no caso Pasadena. Segundo a revista, a offshore comprou o apartamento logo após a estatal ser condenada pela Justiça a comprar 50% da belga Astra Oil.

DILMA, AÉCIO E MARINA FALAM DOS ESCÂNDALOS, QUE PODEM INFLUIR NA CORRIDA ELEITORAL

Claro que nenhum dos candidatos deixa passar o MENSALÃO II sem meter a colher. O tucano Aécio Neves, publicou em sua conta no Facebook um vídeo em que comenta as acusações do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa de que políticos da base aliada receberam propina em contratos da estatal. Segundo o tucano, o Brasil acordou "perplexo" com as "mais graves denúncias de corrupção da nossa história recente. Por isso, eu acredito que chegou a hora de darmos um basta a isso e tirarmos, de forma definitiva, o PT do poder."

Já a candidata do PSB à presidência, Marina Silva, abordando a citação no caso do ex-governador Eduardo Campos, morto no acidente aviatório de Santos, dia 13/08/2014, classificou como "ilação" a citação. Para ela, o fato de "haver um investimento da Petrobras em seu Estado não dá o direito, a quem quer que seja, de colocá-lo (Campos) na lista dos que cometeram irregularidades" na empresa. "Neste momento, todo o Brasil aguarda as investigações dos desmandos da Petrobras, que estão ameaçando o futuro da empresa e o futuro do pré-sal", disse.

A presidenta/candidata do PT, Dilma Rousseff, como sempre, minimizou o problema, dizendo que é preciso ter "dados oficiais" para poder comentar as denúncias do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. A veja explica que o processo está criptografado, guardado dentro de um cofre e que irá para o Supremo. Não consta o nome da candidata e por ela não se estende nem para esclarecer a denunciada participação do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) e do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. Passa ao largo também de aliados preciosos como Renan Calheiros (PMDB-AL), Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o ministro Edison Lobão (PMDB-MA) e Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio, Roseana Sarney (PMDB) e da atual governadora do Maranhão. Por fim, diz apenas que "eu gostaria de saber direitinho quais são as informações prestadas nessas condições e eu te asseguro que tomarei todas as providências cabíveis". Há risco de "haraquiri"?