A política no Ceará está ao sabor dos ventos, pelo menos é o que demonstra o deputado estadual Capitão Wagner, PR(?). Dois fatos comprovam tal atitude do parlamentar: (1) a disputado do governo do Ceará e (2) o pedido de intervenção federal, que foi decretada para o Rio de Janeiro, também para o Ceará. O parlamentar cearense andou dizendo que não queria mais entrar na disputa ao governo do Ceará, mas não deixou de trabalhar um só instante por ela. Brigou por espaço no PR, seu partido, incomodado com a posição sempre governista da deputada federal Gorete Pereira, chegando a anunciar sua filiação ao PROS. Depois, de mansinho, viajou à Colômbia (entre 6 e 9 de fevereiro de 2018), precisamente à província de Antioquia, onde está encravada sua capital, Medellín também conhecida como Medeline, Medelim ou Medelín.

O objetivo do Capitão era conhecer o programa de segurança aplicado em Medellín, igual ao aplicado em Bogotá, ironicamente com pequenas experiências tiradas do Brasil, como o sistema de Transporte Público de Curitiba-PR. Estranhamente, Wagner, que chegou ditando normas seguidas pelos colombianos, deu uma guinada e passou a defender para o Ceará a intervenção federal na segurança decretada pelo governo federal no Rio de Janeiro. SÃO DOIS MODELOS BEM DIFERENTES, QUASE OPOSTOS. Só se encontram na parte do combate ao crime, que no caso do Rio, tomou ares que o caracteriza como uma guerrilha urbana. No Ceará, quase isso.

Preste atenção. O parlamentar cearense revelou, em matéria, os pontos básicos do plano colombiano, segundo ele, garantidores do sucesso do combate ao crime nas duas cidades do país andino (reproduzidos a seguir):


"Medellín é um exemplo a ser seguido na América Latina quando se trata da gestão de investimentos e serviços públicos como ferramenta para a redução das segregações territoriais e sociais". Veja como fez Medellín:

SEGURANÇA PÚBLICA E CONVIVÊNCIA - enfoque em três grandes e importantes questões:
(01) A ocupação de territórios, com a presença de equipamentos públicos e iniciativas governamentais, que configuram ações de prevenção a violência;
(02) O fortalecimento de instituições que integram o sistema de Segurança;
(03) Trabalho voltado para a ressocialização, no intuito de evitar reincidências de crimes.
SAÚDE - campanhas educativas voltadas para a redução de violência (sexual, doméstica e outros tipos) e acidentes de trânsito;
CULTURA - práticas educativas como ferramenta de ataque e combate a toda forma de violência e os meios encontrados de vencê-la, enquanto fenômeno de natureza social e cultural;
CRIAÇÃO DE EMPREGO E RENDA - políticas específicas para ampliar e qualificar a inserção de jovens no mercado de trabalho, especialmente mulheres, negros(as) e pobres;
Incentivos para empresas/indústrias que estão na cidade e para as que venham a se instalar no município;
Investimento na capacitação e qualificação profissional;
ESPORTE - apoio e incentivo as diversas modalidades esportivas desenvolvidas no município.
Construção de quadras poliesportivas nos bairros;
Promoção de acessibilidade aos equipamentos esportivos por parte de moradores da periferia.
AÇÃO SOCIAL - viabilização do acesso aos serviços, benefícios e projetos das populações menos favorecidas economicamente".


Tudo bem são esses acima os pontos chaves aplicados na Colômbia. Quem quis ver, viu grande parte do modelo colombiano no programa apresentado pelo então candidato a prefeito de Fortaleza, Moroni Torgan (DEM), na eleição de 2008. Na oportunidade, ele trouxe a Fortaleza um dos responsáveis (prefeito por 8 anos) pelo programa em Bogotá, o sociólogo Hugo Acero. Em verdade, Moroni insistiu em sua proposta de segurança em 4 eleições (2000, 2004, 2008 e 2012).

Apesar de tantos detalhes, Capitão Wagner seguiu a corrente da força bruta no combate à violência (intervenção militar). Contraria, assim, seu maior público, os policiais, e o programa de segurança de Medelín, que tem no combate armado à violência apenas uma das partes dos seus preceitos. Atacado pela mosca eleitoral, Wagner subiu à tribuna da Assembleia Legislativa do Ceará para defender a intervenção federal também para a segurança de Fortaleza. Uma contradição que merece explicações.