O dia a dia dos candidatos a governador do Ceará, principalmente os dois grandes, é uma queda de braço para ver quem junta mais gente nos eventos. A presença do povo acaba saindo cara, pelo sistema de transporte que é acionado. Há também, o que se configura como uma grande besteira, o jogo para pegar a agenda um do outro. A disputa é para ser o segundo a passar no mesmo local. Exemplo: se Camilo Santana (Pros do clã Gomes) vai de manhã a um município, povoado, distrito ou mesmo bairro das grandes cidades, o candidato Eunício Oliveira quer passar no mesmo local à tarde, ou no dia seguinte, para mostrar que juntou mais gente.


Cada candidato já tem disponível uma mega estrutura de deslocamento – com aviões, helicópteros, confortáveis e possantes carros e até carregadores de gente (nos ombros) – para ter agilidade e poder cobrir extensas áreas das diversas regiões do Estado cearense. Excetua-se os candidatos Ailton Lopes (PSOL) e Eliane Novais (PSB), ainda que esta tenha recebido algum dinheiro, como parece, do candidato presidencial do partido, Eduardo Campos (entendeu mais porque Nicole Barbosa foi defenestrada?)  Claro que os dois candidatos mais fortes (financeiramente, também) acionam ainda numerosas equipes de precursores, que chegam aos locais de eventos com horas, ou até dias de antecedência, para fazer o levantamento de todos os fatos e dados políticos.


A disputa é tanta, entre os dois maiores, que eles têm até sensores para medir a intensidade de aplausos, sem falar nos estatísticos, para medir a quantidade de gente, com base, é claro, no tamanho da área e no número de pessoas por metro quadrado. Poucos dias passados ouvi um ululante assessor de Camilo Santana/Cid Gomes comemorar que a passagem do candidato do clã por determinada cidade tinha sido comemorada com maior entusiasmo e intensidade pelos eleitores que acorreram à rua (ou seja, aplaudiram mais do que ao outro). Boa informação é tempo e dinheiro, então vou passar uma dica aos dois candidatos que polarizam a campanha, principalmente: 70% das pessoas que andam nos comitês e eventos são as mesmas, sejam para um ou sejam para o outro candidato. O eleitor que fica em casa, observando furtivamente da janela ou mesmo só ouvindo o barulho, sentados confortavelmente de frente a TV, são a maioria e os que devem ser alcançados, daí a força dos meios impressos e eletrônicos de comunicação. Só é lamentável que as parabólicas cada vez estejam mais presentes nas casas dos pequenos municípios, distritos e povoados e até nas favelas das maiores cidades. É que a antena parabólica não sintoniza as estações de Fortaleza ou de outros municípios que já contam com estações geradores, como Sobral, Juazeiro do Norte, Caucaia etc. Sintonizam Rio de Janeiro e/ou São Paulo. Vão ver, assim as campanhas de lá.


Uma campanha eleitoral, que alguns querem saltar de dois para quatro anos, é um enorme bem ao país. É nesse período que até o dinheiro surrupiado dos cofres públicos voltam à circulação. É também o momento da economia em que mais se pratica a distribuição de renda. Claro que a maioria dos recursos gastos em campanha, mesmo que em mãos de empresários e de muitos dos candidatos, é oriunda dos cofres públicos, de onde saíram, nem sempre, de forma muita limpa. Assim, se a campanha já é bancada, na sua quase totalidade, por dinheiro público, por que não implantar o financiamento totalmente público (seria mais limpo) na reforma da lei eleitoral, até hoje driblada, sobretudo por aqueles que estão acostumados a encher as burras com o erário (de forma direta ou indireta)?