Sem dúvida que a disposição de Tasso Jereissati (PSDB) de concorrer a única vaga do Senado este ano atiça o mundo eleitoral cearense. Só não gosto da justificativa dada por Jereissati. Soa esnobação dizer que vai concorrer apenas para ajudar a campanha do presidenciável tucano, Aécio Neves. Humildade e caldo de galinha nunca fizeram mal. Mas esperar que Jereissati e seus discípulos, mesmo, hoje, em campos opostos (os Gomes, é o caso) saibam o que significa a palavra humildade é querer demais.

De qualquer modo – e que Jereissati e os Gomes voltem a sentir o preço da arrogância -, o “sim” do tucano cearense é um alento. Preste atenção: tenho diferenças quanto a maioria das atitudes de Jereissati, mas não posso olvidar, e muito menos deixar de dizer, que seria mil vezes melhor para o Ceará ter TJ como senador do que o homem da “Cueca”, como é conhecido o senhor deputado federal José Nobre Guimarães (PT).

E, claro, que o homem da “Cueca” sentiu – e passou recibo – o peso da candidatura de Jereissati. Alguns “analistas” apressados tratam logo de lembrar que na eleição passada, com duas vagas para o Senado, TJ acabou derrotado. Certo, haviam “forças quase imbatíveis” e TJ errou tudo na campanha. Agora, aqueles ditas “forças quase imbatíveis” não são assim tão imbatíveis (estão mais para combalidas) e os erros da campanha podem ser corrigidos ou, pelo menos, não repetidos.

Se Jereissati entender que seu eleitorado tem mais de 40 anos e fizer um trabalho de renovação do discurso dará certo. Não vai adiantar, como da outra vez, ele mostrar que fez o aeroporto, o porto do Pecém e mais isso e aquilo. Está tudo com mais de 20 anos e o novo eleitor não tem e nem quer qualquer referência sobre esse passado. Os obras já estão aí e o que vale hoje é que elas precisam de uma ampliação. Mas, se ficar congelado no tempo e no espaço, rodeado de papangus, será muito mais difícil. Renovação de discurso e de método que, por sinal, deve ser feita pelo tucanato, ou seja, por Aécio Neves, também.

O eleitor até que aceita trocar a incompetência e a licenciosidade que ocupam o Planalto, mas prefere claramente não DAR UM PASSO ATRÁS. Quer dizer: tudo foi importante e muitos caminhos já foram percorridos, ainda que não tenham sido os melhores. De todo modo, É MELHOR SEGUIR EM FRENTE. NADA DE CONTINUIDADE E NADA DE PASSADO. No campo presidencial existes outros nomes (Eduardo Campos e Marina) que podem ter mais sintonia com essa linha eleitoral, mas é preciso construir o discurso. Só estar do lado certo dá vantagem, mas é preciso verbalizar para convencer que É O CERTO, DO LADO CERTO.


No caso de Jereissati não existe, pelo menos não com proeminência, um adversário. O pleiteante do PT carece de procedimento ético, representa a incompetência e a licenciosidade que tomou conta do poder e se espraiou até a Papuda. Mas ninguém está morto até sair o enterro, principalmente com tanto “suborno eleitoral” (políticas compensatórias, que não podem ser combatidas) nos quintais do poder.