O Clã Gomes e seus subordinados estão em constantes reuniões para debater a melhor solução que mantenha o poder e o espaço financeiro, é claro. O calendário se expirou e o prazo se esgota no fim de semana. Quero dizer, o prazo termina para aqueles que precisam se desincompatibilizar para concorrer a um novo cargo. O clã pensava que a sucessão a Cid Gomes (governo do Ceará), agora no Pros, seria pacífica. Não contava com a afoiteza comedida do senador Eunício Oliveira (PMDB), um parceiro sempre muito cordato (será?). O caso é que o excesso de centralismo familiar (inclui alguns agregados fiéis) e um acendrado sentimento oligarca não permitiram que outros nomes (de fora) fossem trabalhados, uma vez que da lista intestina nada se destacava - nisso, o clã gomes parece muito com o também oligarca Tasso Jereissati. Daí surgiu, ressaltado, o risco de derrota, essencialmente se o aliado mais ou menos afoito teimar em ser candidato. Nessa situação, o jogo ficaria arriscado, pois com ele (Eunício) o jogo eleitoral fica parelho e pode resultar em derrota para o clã. Que diabo, só há, então duas possibilidades: assumir a candidatura do PMDB, já que sempre foram aliados - ainda sabendo que o grupo estaria fora em caso de vitória do peemedebista, que virou empresário de sucesso vendendo segurança privada; ou correr o risco de lançar um nome do grupo subordinado, mas sem aceitação popular maior. Mas, por garantia, seria saudável colocar um integrante do clã (no caso, Ciro Gomes) para ser candidato ao Senado, ou seja, mantendo uma perna no poder, o que resultaria na desincompatibilização de Cid e em um sem-número de complicações.
A primeira intriga seria com o PT, que quer a vaga de senador. Depois, quem ficaria no governo tampão? E seria o governador tampão o candidato? A disputa cordata, no caso, seria entre Zezinho e Domingos Filhos. Mauro Filho, Cristino e Roberto Cláudio cairiam fora. E aí o PT, sem a vaga do Senado, poderia engrossar o pescoço e até lançar um candidato (ou candidata) ao governo, embolando de vez o jogo eleitoral. Tentar segurar e manter a parceria com Eunício teria sido o melhor caminho, pois sem ele a sucessão seria tranquila. O candidato do clã teria um latifúndio de tempo na TV e de partidos. Seria uma pedreira quase inexpugnável para qualquer adversário. Porém, como todas as iniciativas saíram frustradas, agora só resta o jogo perigoso.
São dois cenários bem distintos (e difíceis para o clã) que podem surgir nos próximos dias: com Eunício candidato ou com ele fora. Tanto o clã empurrou com a barriga a situação que agora se vê no mesmo canto de carroceria em que, no passado, colocou Tasso Jereissati e Luizianne Lins. A escolha é: assumir a candidatura de Eunício e ter a certeza que será outro time que assumirá o poder, se resultar em vitória ou concorrer contra ele. Em qualquer dos casos, a candidatura de Ciro ao Senado e manutenção da prefeitura de Fortaleza seriam as âncoras que manteriam o clã, pelo menos, com uma parcela poder, ainda com uma articulação política e financeira bem interessante, concorda Arialdo Pinho?