Dos males, o clã escolheu o menor: FICAR. Para eleger seu candidato, seja ele quem for, o clã Gomes terá de contar com o apoio e o tempo de TV do PT, na aliança com o "cuecão", que garante a mordaça de Luizianne. Um drama foi decido, a duras penas - valeu até desmaio. Falta agora a decisão do corajoso Eunício (PMDB): será ou não candidato, arriscando tudo, até suas empresas que vendem segurança - afinal como ele vai convencer o eleitor de que segurança será sua prioridade, mesmo com o risco de quebrar suas empresas, construídas na benesse e na incompetência do poder? Cid Gomes ficou e vai escolher o seu candidato entre os nomes nomes que dispõe (terminado o prazo de desincompatibilização): Zezinho, Mauro Filho, Leônidas Cristino e Izolda Cela. Roberto Cláudio está fora e Domingos Filho - que teria sido o pivô da contrariada decisão de FICAR do Gomes governador, recusando-se a abrir mão (renunciar ao mandato de vice) para o plano Zezinho Albuquerque governador tampão e candidato à reeleição - não precisa renunciar para uma candidatura (a governador ou a outro cargo eletivo). Como ele é apenas um substituto eventual, basta não assumir o cargo nos últimos seis meses(1), nas ausências de Cid Gomes. Segue, assim, com o "x" ainda não totalmente desvendado.
Fica quase claro também que o senador Eunício (PMDB) não terá sua candidatura ao governo do CE absorvida pelo clã Gomes. Se assim fosse, Cid Gomes não precisaria do sacrifício de ficar até o fim do mandato. Desse modo, salvo jogadas decisivas na fase de acréscimo do jogo eleitoral, terá fazer a difícil escolha entre os integrantes do minguado e chocho elenco que sobrou. Pode até fechar os olhos e fazer a escolha na base da antiga música infantil:
"Uni duni te,
Salame minguê,
Um sorvete colorê,
O escolhido foi você".
O preço está saindo alto para o clã, mas é o justo retorno pelos erros. Os Gomes experimentam agora, embora ainda arrotando arrogância, do mesmo remédio que deram a Tasso Jereissati e a Luizianne. Sobrou, por consequência, para Eunício um enorme espaço de manobra, que anuncia já estar trilhando, na tentativa de atrair o PSDB de Tasso Jereissati, o PR de Roberto Pessoa e Lúcio Alcântara e até o descartado (para a vaga ao Senado) Inácio Arruda (péssimo mandato de oito anos) e a descontente Luizianne Lins e seus aliados divergentes do PT (do "Cuecão"). Eunício Oliveira e seu PMDB oportunista terão tempo de TV mais ou menos igual ao do Pros e PT, boa articulação partidária e não faltará "money", mesmo não minando tão farto quando nas hostes dos candidatos dos detentores do poder, que até ontem também foi do peemedebista. Por enquanto, está e pode até segurar uma vantagem para iniciar a campanha, mas terá dificuldade na composição da principal proposta que o povo quer ouvir: SEGURANÇA. Eunício prosperou rapidamente, mercê das benesses do poder, VENDENDO SEGURANÇA PRIVADA. Como fará para o povo acreditar que, se vencedor, seu governo priorizará o combate a violência? Significaria que ele iria cometer um "harakiri" empresarial, ou seja, que, como governador, trabalharia incansavelmente para que a segurança pública fosse exitosa, mesmo que suas empresas tivessem que fechar as portas por falta de clientes.
(1) Lei Complementar n.º 64, de 18 de maio de 1990, regulando, de acordo com o artigo 14, § 9.º da Constituição Federal, casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina outras providências.
Art. 1.º São inelegíveis:
§ 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito poderão candidatar-se a outros cargos, preservando os seus mandatos respectivos, desde que, nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou substituído o titular.