O “diedline” das candidaturas está chegando e a pressão
aumenta de todos os lados. O clã Gomes empurra para o final a decisão na busca
de atrasar o jogo dos adversários. O ardil não tem dado resultado, pois os
demais candidatos correm e tentam de qualquer modo ocupar o campo, que
governador Cid Gomes (Pros) tenta esvaziar até o momento em que sair da sinuca
da escolha de um dos nomes tupiniquins de que dispõe. A tática de ocupação dos
espaços é simples: Cid Gomes contemporiza, conversa, ilude, enquanto Ciro Gomes
ataca, descredencia, despreza, pretere...
O formato já foi usado em duas campanhas e deu resultado,
mas agora o clã tem enfrentado dificuldades para encaixar os golpes, sobretudo.
Se não foi possível brigar para cima, que é o ideal, o jeito foi abaixar um
pouco o bico da aeronave. O alvo – vereador Capitão Wagner (PR) – nem candidato
é, mas, através dele, como se fora um tiro transfixante, foi desferida uma
estocada virulenta no candidato peemedebista, senador Eunício Oliveira, que tem
um telhado susceptível. E, ainda, se apurar a vista é possível ver também um
ataque indireto ao pré-candidato Roberto Pessoa, igualmente do PR do vereador. Não
saiu barato, todavia, o pretexto do ataque. Wagner reagiu e foi cruel, levando
vantagem no primeiro round. Já o outro atingido, no caso o pretenso candidato
do PMDB, nada respondeu ante às acusações de que é uma “raposa que pretende
cuidar do galinheiro da segurança pública”.
O plano foi elementar. Cid Gomes deu declarações dizendo que
a segurança era o “calcanhar de Aquiles”, ou seja, o ponto vulnerável do
discurso de quem quer que seja o candidato governista. O discurso que elegeu o
Gomes mais novo ao governo em 2006 é o mesmo que pode derrotá-lo. Vai dizer o
que na campanha? Que tentou muito, comprou Hilux, criou o Ronda, trocou de
secretário, mas nada deu resultado. Viveu no seu período de governo uma
verdadeira e cruenta GUERRA CIVIL, onde mais de 23 mil pessoas foram
assassinadas. Desse modo, se o clã não pode usufruir do discurso da segurança,
o jeito é bombardear para os outros para que não possam cutucar o ponto
vulnerável do governo da oligarquia dos Gomes. Do senador Eunício foi dito – o que
há muito dizemos aqui – que ele terá muita dificuldade em fazer um discurso
para a segurança pública, pois ficou rico vendendo segurança privada, com a
ajuda inicial do sogro Paes de Andrade (PMDB), então presidente da Câmara
Federal.
O vereador Capitão Wagner recebeu a maldição “de comandar as
milícias” e foi transformado em cabeça de Górgona na tentativa de atingir,
transformando em pedra, os adversários mais perigosos – Eunício e Roberto
Pessoa. Porém, como um autêntico Perseu soube rechaçar a maldição e
contra-atacar, embora não evitando que os reflexos tenham chegado aos alvos
remotos, mesmo sem produzir efeito imediato. O jogo está só nos treinos
táticos.