Interessante como sai a notícia nos veículos de comunicação: deputado estadual Hermínio Resende renunciou sua candidatura à reeleição para apoiar o candidato ao Governo do Estado Eunício Oliveira (PMDB), adversário do candidato do PT, Camilo Santana. Tudo papo furado. Não é que seja fácil apoiar o petista imberbe ou porque a candidatura do “nem cheira nem fede” do PMDB seja assim atraente, mas porque a verdade parece doer. É que o “desistente”, em verdade, foi “desistido” pelo eleitor, ou seja, não tem mais votos suficientes para conquistar a vaga. Contrai a doença progressiva, quase sempre, de "síndrome de insuficiência de votos".
O mesmo problema de “ síndrome de insuficiência de votos” fez os deputados estaduais Idemar Citó (DEM) e Cristiano Andrade (PMN) a largarem a reeleição. Já o petista Nelson Martins quase fala a verdade ao dizer que não vai mais disputar por causa dos altos custos de campanha e porque precisa concluir seu fraco trabalho na secretaria de Agricultura.
Bem faz o sempre governista deputado federal Vicente Arruda (Pros), que é advogado, cientista político e jornalista (e eu pensava que era só advogado), que não quer conversa e vai tentar o sexto mandato na forma mais simples do mundo - com muito dinheiro. Ele já deu uma volta em todo os "colégios" do Ceará e inicia a segunda - nesse modelo, cada grupo de "colégios", eleitorais, é claro, só pode ser usado uma vez, pelo menos, a cada 12 anos. É um modelo no estilo José Sarney, que mudou até de estado para conseguir novos "colégios". Arruda deveria ter continuado a seguir o exemplo Sarney e também se aposentado.
BRASÍLIA, MAIS FASCÍNIO DO QUE ÓDIO
Brasília, onde ficam os deputados federais e senadores (e todo o poder federal) exerce um estranho fascínio sobre políticos, principalmente parlamentares. Há aqueles que por lá ficam mesmo quando os votos desaparecem. Paes de Andrade (sogro de Eunício Oliveira) é um exemplo. Mauro Benevides (pai de Maurinho, candidato a senador) é outro. Já o deputado federal, também sempre governista, Padre Zé Linhares (PP do clã), perfeitamente adaptado ao baixo clero de Brasília, pode continuar por lá ou não, pois desistiu da recandidatura para ser o primeiro suplente de Mauro Filho (Pros).
Mas há também aqueles que não se dão em Brasília - melhor dizendo com a Câmara Federal, pois nunca houve qualquer caso de Senado. Na Câmara Federal poucos conseguem se sobressair. A maioria cai no baixo clero, que é massa de manobra dos influentes líderes de cada partido. Caso atual do deputado federal petista Artur Bruno, que volta a concorrer a deputado estadual, com a desculpa que o legislativo estadual é "mais coerente com o meu perfil". No passado, nesse mesmo barco veio o ex-deputado Chiquinho Feitosa. No canoa de quem viu os votos escassearem vieram Patrícia Saboya e Luiz Pontes. No efeito cururu, sempre tentando retornar a Brasília, de onde são mandados de volta por "insuficiência de votos", estão Edson Silva e Antônio Balmann.
Há ainda alguns que antecipam aposentadoria; outros que sobem para perder pelo maior (caso da deputada Eliane Novais. Não há nenhum sacrifício político ou grandeza, mas somente oportunismo); e os que trocam a busca dos votos, a cada eleição minguantes, pela tranquilidade de um emprego vitalício (TCM ou TCE). Para não ir muito para trás, lembro apenas os casos de Manoel Veras, Chico Aguiar, Teodorico Menezes (envolvido no caso dos banheiros, junto com o filho Téo Menezes e com o ex-secretário Camilo Santana), Patrícia Gomes e do próximo contemplado (já amarrado para pegar a sinecura), vice-governador Domingos Filho. Só para que você não pense que as sinecuras do TCE e TCM são reservados somente aos políticos ruins de voto, explico que não. Os subservientes servidores dos chefões também podem ser recompensados pela nomeação vitalícia. São os casos de Ernesto Saboya e Hélio Parente, entre outros.
Essa relação dos "donos" do poder com as indicações tribunais, sejam de conta ou de Justiça, quase sempre, é tão promíscua que levou o demagogo e permissivo ex-presidente Lula da Silva, do PT, é claro, a declarar que BARBOSA FOI SEU MAIOR ERRO - uma completa miopa quanto aos papéis e valores democráticos, que o indigitado efetivamente não os alcança e nem os agasalha. Outros, com mesmo mal, gerado pelo do profundo conteúdo oligárquico, negocia com tais cargos como donos deles fossem. A degradação das instituições é o passo maior para enfraquecimento da democracia, senhores "donos do poder"!