EGITO
Minha origens remotas não me deixam à vontade ao abordar qualquer questão envolvendo países e conflitos do oriente médio. Estava no Egito (2011) e embarcava no aeroporto de Cairo dois dias antes da deflagração do movimento popular que derrubou a ditadura de 30 anos do presidente Hosni Mubarak. O palco principal dos eventos foi a Praça Tahir, onde estive por várias vezes dias antes das fortes manifestações do povo. Já embarquei no Aeroporto Internacional do Cairo sob intensa vigilância armada. Teria adorado ter ficado no Cairo e assistido (como escritor) a revolta do povo, mas, no dia do nosso embarque, a Roma, mesmo sentindo que algo ocorria, falhei na avaliação, pensando que seria um ataque terrorista. Dias antes de nossa chegada ao Egito, onde íamos para um passeio no Nilo até a barragem de Assuã, houve um atentado a bomba na cidade de Alexandria.
TURQUIA
Em março de 2013, estive na Turquia. Entrei e sai por Istambul, depois de percorrer quase todo o território turco de carro, indo até a Capadócia e a capital Ankara. Uma maravilha de viagem, em companhia do meu amigo Roberto Sérgio. Outra vez, quase consigo ver as manifestações de Istambul. Os protestos de rua estouraram em maio, bem perto do hotel em que nos hospedamos, a três quadras da praça Taksim, onde tomei o melhor suco de romã.
Dois meses depois do nosso retorno da Turquia (dia 27 de maio), dezenas de pessoas ocuparam o Parque Gezi, que faz parte da Praça Taksim, a maior área pública do tipo no país, em protesto contra a demolição do parque e a construção de um shopping no local. Sem diálogo, o caminho foi a resistência no próprio local, com acampamentos e protestos. A violenta ação policial propagou a onda e provocou revolta pelo mundo. Felizmente, os protestos serenaram.
O HORROR
Os conflitos na região não param. A cruenta guerra civil da Síria, os embates do afegãos, as questões políticos-raciais e religiosas do Iraque e a eterna disputa da faixa de Gaza. mas nada me chocou tanto como a imagem da suposta decapitação do jornalista americano James Foley, que desapareceu há quase dois anos quando trabalhava na Síria. A responsabilidade pelo ato seria do grupo autodenominado Estado Islâmico (EI), que divulgou um vídeo na internet sobre a suposta decapitação.