Capítulo II da novela suja da roubalheira na Petrobras. O 15/09/14, a apenas 19 dias do dia do voto, foi dominado pelos desdobramentos (incluso judicial) da denúncia (publicada na IstoÉ) do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, listando mais o governador do Ceará, Cid Gomes (Pros); os senadores Delcídio Amaral (PT-MS) e Francisco Dornelles (PP-RJ) e o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), entre os políticos envolvidos com esquema de corrupção na estatal. Desde o começo dessas denúncias, tenho dito que o ruim de tudo é que elas são publicadas sem apresentação de documentos e nem a especificação das circunstâncias em que os acusados são citados. Parece até um plano para esvaziar, desmoralizar as denúncias reais, quando surgirem, pois presumo que vão surgir, já que Paulo Roberto Costa falou – trocando as denúncias por uma redução de sua punição no caso.

Se a denúncia não prosperaria tanto, a reação de Cid Gomes tratou de multiplicar seus efeitos. Na delação à PF Paulo Roberto Costa menciona que negociou com Cid Gomes a instalação de uma minirrefinaria no Estado. Só que o projeto, conforme relata IstoÉ, seria apenas uma fachada para um esquema de lavagem de dinheiro por meio de empresas que nunca sairiam do papel. A negação veio rápida e incisiva. Cid Gomes disse nem saber quem é Paulo Roberto, garantindo nunca ter estado com ele e que estava sendo vítima de uma armação de adversários políticos.


Se tivesse buscada outra linha de defesa, teria se saído melhor, pois a mentira, neste mundo midiático, só dura até serem localizadas as imagens. O fato é que o governador Cid Gomes conhecia e até se reuniu com o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, no dia 15/07/2008, no Palácio de Iracema. Mesmo que a reunião nada tenha a ver com o esquema, negar não era o caminho. E o passo seguinte do clã foi ir à Justiça, ainda no final de semana, para conseguir liminar proibindo a revista Istoé de circular e determinado que todas as edições liberadas sejam recolhidas. A ordem foi emita pela juíza Maria Marleide Maciel Queiroz, da 3.ª Vara de Família de Fortaleza, que esteve de plantão neste último final de semana.


É evidente que o assunto não ribombou na imprensa local. Somente no decorrer do dia 15/09/14, na medida em que se multiplicava na Internet, foram surgindo algumas abordagens. O próprio governador, certamente na tentativa de melhorar a primeira reação, quando negou tudo e teve de ver sua foto na companhia de Paulo Roberto Costa, se viu obrigado a publicar uma nota, no seu estilo (site do governo), para repor o assunto. Leia a íntegra da nota:

Em respeito à opinião pública cearense e brasileira, a propósito de infamante citação de meu nome, sem qualquer fundamento ou base, em matéria relativa ao chamado escândalo da Petrobras na edição desta semana da Revista IstoÉ, esclareço:

1.   Estou processando a citada revista por calúnia, difamação e por dano moral por ter abrigado clara armação criada por meus adversários, visando interferir na disputa eleitoral no Ceará;

2. Não tenho, nem nunca tive, qualquer envolvimento nem qualquer tratativa pessoal com o citado ex-diretor da Petrobras, muito menos qualquer conversa indecente ou corrupta. Todo o meu relacionamento com a Petrobras sempre foi institucional;

3. Esta clara fraude envolvendo o meu nome em véspera de eleição repete prática imunda que já tive de enfrentar quatro anos atrás, quando da publicação de invenções envolvendo meu nome e o nome do meu irmão, Ciro Gomes, que se revelaram completamente falsas;


4. O Brasil não suporta mais assistir a corrupção impune nem pode dar aos malfeitores e ladrões do dinheiro público o prêmio da impunidade, senão chegaremos ao fundo do poço em que os salafrários reinarão e ainda se sentirão autorizados a enlamear a honra de quem faz da vida pública uma prática decente. É o caso presente e a justiça tem a obrigação, de, celeremente, achar e punir os culpados.