(Ilustração Folha/Uol)
Presidente da Transpetro Sergio Machado ganhou uma sobrevida pela reação do PMDB, certamente orquestrada pelo seu amestro menor, senador Renana Calheiros (PMDB), presidente do Senado e responsável pela manutenção de Machado na subsidiária de transportes da Petrobras. A presidenta/candidata Dilma Rousseff (PT), que já estava disposta a sacrificar o presidente da Transpetro e até mandou o ministro Edison Lobão ouvi-lo, cedeu à pressão dos aliados peemedebistas, que pegaram como refém o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, citado por Paulo Roberto e o doleiro Aberto Youssef como a ligação entre o esquema de propinas na Petrobras e o PT. Sergio Machado foi citado por Costa de ter levado R$ 500 para o caixa da propina que ele comandava. Se um saísse, o outro também teria de sair, impôs PMDB.
A demissão de Machado desagradaria o PMDB de Renan e a de Vaccari desagradaria o PT de Lula. Dilma ficou entre a cruz e a espada e preferiu arriscar tudo sustentando Sergio Machado no cargo. E o "doa a quem dor" foi para o espaço. Antes. porém, no melhor estilo lulista, armou a oitiva de Machado por Lobão. O resultado, é claro, foi que não há provas e, tanto o presidente da Transpetro como o tesoureiro do PT disseram que as acusações "são caluniosas". Manter o atual presidente no cargo foi a saída mais indolor, pois uma revolta no PMDB seria bastante prejudicial à campanha dilmista, porquanto pior seria se a candidata fizesse pressão (pois ela pode demiti-lo do partido) para a saída de Vaccari. O jeito foi fazer o jogo do PMDB e não mexer com a cúpula petista, mas soltando a salomônica sugestão de que os dois se demitam dos seus cargos.
A presidente Dilma, da mesma forma que Lula da Silva, sabe como o esquema funcionava. O próprio ex-presidente chegou a dizer (em Paris) em entrevista que o "caixa dois todo mundo fazia". E o pior é que a maioria faz. Mas não é por isso que deixa de ser crime. Não pode deixar de ser combatido, porque embute diversos outros crimes, incluso o esquema paralelo de propina - para enriquecimento pessoal. É o dinheiro público que sai pelo ralo da desídia e da degradação moral e que causa morte de gente nas filas da saúde, que deixa gente sem moradia e crianças sem escola, por exemplo.