O privilégio da vista e o triste constatar da miséria ao dobrar a esquina

O belo domingo de sol, o que não é novidade nesta Fortaleza (capital do Ceará) causticante e claudicante, me trouxe a memória algumas fatos desse nosso surpreendente Brasil, alguns lamentáveis, outros revoltantes.

 MISSÃO CUMPRIDA

 01. A morte do ex-governador tampão Beni Veras, inspirador de muitos da geração política do Ceará que se retira. Pouco legado, mas, missão cumprida.

DISCURSO CAPIVAROL

 02. Nada ficou do discurso Capivarol do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) contra a presidentA Dilma Rousseff (PT). Nada ficou e nada acrescentou ao que vem sendo dito ao longo da crise política, ética e econômica do governo e do país. Só lições e sugestões de caminhos batidas. No PSDB troca de olhares surpresos, pois esperavam mais. Na oposição, risos contidos e suspiros de alívio.

JUSTIÇA DESAFIADA

 03. Prefeito Roberto Cláudio (PDT), em aberta campanha de rua antecipada pela reeleição à prefeitura de Fortaleza, inaugura o binário da Parquelândia - Azevedo Bolão e Gustavo Sampaio. Muito alegre ele está, pois o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), revelou seu apoio a RC e instou seus "companheiros" a segui-lo, deixando clara ameaça no ar: VÃO COMIGO OU ESTÃO DO OUTRO LADO.

JUSTIÇA ASSUSTADA

 04. A mim soou como um receio surpreendente a fala do ministro Teori Zavascki (foto), relator da Lava Jato no STF, de que "O PIOR AINDA SERÁ REVELADO". A colegas Zavascki tem dito que "A TEIA DE NEGÓCIOS É MUITO MAIS COMPLEXA DO QUE A QUE VEIO ATÉ AGORA A PÚBLICO".
É grave demais o que disse o ministro. Deixa claro que a teia intensa da corrupção tem um monstruoso homem aranha no comando, ainda não totalmente revelado. Será esse monstro que o assusta ou a fragilidade da democracia brasileira, mesmo temor que tem a presidenta Dilma?
De qualquer modo, Zavascki tem o dever de revelar toda essa teia de corrupção e o monstruoso homem aranha que a comanda, não importa o poder ou a popularidade que tenha.

 MAGO DAS FINANÇAS

 05. Luis Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, tem uma empresa de um homem só (ELE mesmo), mas faturou como grande e uma empresa de muitos funcionários: R$ 2 milhões só em um contrato (e único). Indagado pela PF, ele explicou que contrata empresas prestadoras de serviço para os trabalhos que precisa realizar. Acrescentou que tem o contrato de cada uma delas para demonstrar o que diz. É VERDADE!

 HISTÓRIA DA CAROCHINHA

 06. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como o próprio ex-presidente Lula da Silva e dois dos seus filhos, também é um mago das finanças. Agora, está tentando, para salvar o mandato, se livrar do dinheiro que diz ter ganho no passado. Não tem convencido muito com suas histórias TRUST, mais parecem contos da carochinha.

"LUTA PATRIÓTICA"

 07. A demissão do general Antonio Hamilton Martins Mourão (foto) do comando Militar do Sul acrescentou mais uma pitada na crise que vive o Planalto. General Mourão vinha criticando os políticos e convocando os militares, sobretudo os da reserva, para "o despertar de uma luta patriótica". 
A demissão pegou mal e as reações no meio militar têm sido intensa. Tentam disfarçar, mas o fato é que o Ministério da Defesa, comandado pelo PCdoB, braço da resistência de 64, foi quem fez a exoneração do general e o motivo seriam críticas feitas ao governo Dilma Rousseff. 
Mourão não facilitou, pois dias antes havia feito uma homenagem póstuma ao coronel Carlos Brilhante Ustra, que foi chefe do COI-Codi, um dos principais centros de tortura do regime militar, e um dos alvos da Comissão Nacional da Verdade.

 MÁFIA X OPERAÇÃO LAVA JATO

 08. As palavras do ministro relator, Teori Zavascki, do STF, de que o "O PIOR AINDA SERÁ REVELADO", e as declarações do procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, nos dão a certeza de que o escândalo começado com o mar de propinas na Petrobras não chegou ainda à metade. O rombo está estimado em mais de R$ 20 bilhões e desse valor foi recuperado pouco mais de R$ 2 bilhões.
Dallagnol quer punir também os partidos que participaram dos crimes, que atuaram para que os benefícios de recursos acontecessem e se beneficiaram dele. 
O procurador diz ainda que "estamos caminhando na Lava Jato por etapas porque temos um mar de informações e evidências. É como se fossem frutos de uma árvores, nós colhemos quando eles ficam maduros. A ação dos partidos ainda está amadurecendo." 
Estão implicados, em especial, PT, PMDB e PP, que controlavam um esquema de fatiamento de postos estratégicos da Petrobras.