Que lição se pode tirar dos episódios dantescos que estremecem os brasileiros?

Passam por minha cabeça um sem-número de vezes contextos para usar frases para enquadrar o meu Brasil como “um país que não é sério” e que se perde no seu “complexo de vira-latas”. Um país perdido em enlaces que enredam a trama política de forma inacreditável, que nos faz pensar que ainda não nos libertamos dos temores dos tempos do voto de cabresto, do “teje preso” e do “você sabe com quem está falando”, que tomava conta do cotidiano do coronelismo.

Mas não é preciso fazer divagações ao mundo visto por Nelson Rodrigues e menos ainda aos idos tempos de Charles de Gaulle e da guerra da lagosta, envolvendo o Brasil e a França, para entender que, ao contrário, o Brasil é maior. É do tamanho do seu povo, que começa a lutar para expurgar de seu meio os espertalhões que querem transformar o país em uma ciranda de corrupção, violência e tirania.

Se a OMISSÃO do nosso poder LEGISLATIVO, do MINISTÉRIO PÚBLICO, das nossas FORÇAS ARMADAS, de entidades como OAB e as narrativas de uma grande imprensa vendida nos envergonham, que seja o patrão maior, o POVO, pagador, com seus impostos, do salário de todos do poder público, a ocupar e exigir, nas ruas, as providências que livrem o PAÍS dessa ditadura esdrúxula. Uma ditadura de um só algoz, em nome de um poder nomeado e outros, eleitos, coniventes e silentes, que se arvora de defensor da democracia, que sai da boca como um vitupério.

Não precisava muito para ter evitado todo o desmando que está exaurindo as poucas forças que ainda restam ao nosso País, tão saqueado. Foi necessário que um poder de longe mostrasse a vergonha escondida no sigilo da lei, que é usada sem parcimônia e sem equilíbrio para censurar e cercear direitos e garantias individuais, cláusulas pétreas da Constituição do Brasil. Tivesse o Congresso Nacional feito o seu trabalho, principalmente o de fiscalizar, teríamos outro destino.

Não entendo, e não tenho vergonha de reconhecer, por qual razão, por exemplo, os militares e muitos empresários poderosos e suas instituições prósperas e bem equipadas continuam falando e defendendo a “democracia”, quando todos sabem que a nossa Constituição foi rasgada pelo STF. Que a imprensa vendida sustente tais narrativas é compreensível. Só posso entender que o farto erário, por dentro e por fora disponibilizado, é o motivo, mais uma vez, saqueando o Brasil, como mostram as contas.

Os caminhos que estamos trilhando não deixam espaço para a ingenuidade. O resultado é pesado e envolve muitas mortes e a destruição do país. Ninguém sairá ileso, principalmente os traidores do povo. Nada é eterno. Nenhuma situação dura tanto. O povo, ainda que timidamente, sai às ruas para reclamar e pedir providências; as migalhas distribuídas são cada vez mais escassas. O pontapé já foi dado em fevereiro e outra amostra do que é possível acontece agora, no domingo. O Brasil merece nosso sacrifício.