Para fazer cortesia com o chapéu alheio é rápido e fácil até demais. Nem esperaram o café esfriar e o conselheiro Artur Silva Filho, um ex-deputado de poucos votos, pouco trabalho e eterna benesse com o dinheiro do povo, já foi aposentado do TCM, mesmo que só atingisse a compulsória em março de 2015, quando faria 70 anos e iria repousar de tanta ociosidade. Mas não deu para esperar; a palavra empenhada, mesmo com o dinheiro alheio, deveria ser honrada, ou seja, o vice-governador Domingos Filho, que foi defenestrado da disputa ao governo do Estado, tinha de receber logo o generoso prêmio consolação por ter sido tirado da disputa: um cargo vitalício no TCM, remunerado com o teto salarial do Estado.

E nós, mortais eleitores, sempre acreditando nas verdades que diz a maioria dos políticos, nunca imaginamos que um homem tão atuante como o vice-governador Domingos Filho, sonhasse com o cargo de conselheiro do TCM, mas foi o próprio laborioso e vocacionado filho dele, o deputado federal Domingos Neto (Pros), que fez a inconfidência: “...o pai vai realizar o seu sonho antigo de ir para o TCM”. O acordo feito, só com a grana alheia, é mais amplo do que se poderia imaginava a princípio. Prevê ainda que o ex-prefeito e Tauá, Odilon Aguiar, primo de Domingos Filho, seja candidato a deputado estadual, apoiado pela máquina estadual, é claro, enquanto Artur Silva verá prolongada a sua ociosidade e boa vida às custas do erário, com a nomeação para o conselho da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado (Arce), cargo recentemente criado pela Assembleia. Eita, mamata!

A ironia é que o TCM (poderia ser também o TCE, faz parte do mesmo aparelho de negociações políticas), que já tem o ex-advogado de prefeitos com problemas nas contas, Hélio Parente, a ex-senadora Patrícia Saboya, o (não deputado) Ernesto Saboya e o ex-deputado Manuel Veras, entre outros, é o órgão encarregado pela fiscalização e acompanhamento das prestações de contas de gestores municipais do Estado. A Corte fiscaliza, por exemplo, processos de licitação conduzidos por Prefeituras e Câmaras Municipais do interior e da Capital. Eita!