Relutei um pouco em abordar aqui essa questão do avião que matou o candidato do PSB, Eduardo Campos, ao cair em Santos-SP. O caso está como fogo em monturo; não se apaga e nem deixa subir labaredas. Os escaninhos por que passou o avião antes de chegar a ser emprestado ao ex-governador pernambucano vitimado no acidente são variados e surpreendentes. Parece que passou nos mesmos ninhos de rato que caracterizam os negócios nebulosos do próspero ramo da corrupção brasileira. Sim, é muito suspeito, ainda que já tenha sido identificado o proprietário: pertence a uma empresa do grupo Andrade, que possui duas usinas de açúcar e álcool — uma em Santa Vitória, no interior de Minas Gerais, e outra em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.
A identificação do proprietário não elimina a possibilidade de que haja uma longa história que envolva dinheiro público, não necessariamente em forma direta. Não vou defender aqui nenhum político e, muito menos, porque ele morreu. E gostam de dizer que quando alguém morre, mesmo que não seja boa bisca, vira santo. Não entro nessa onda. A morte é fator de igualdade, mas não de santidade. E, no ramo político eleitoral, dizia o deputado Claudino Sales (já falecido), ninguém é santo, principalmente com uma legislação inadequada ao financiamento de campanha.
Agora, querer fazer dos caminhos tenebrosos da compra da aeronave um aríete para derrubar Marina da Silva (só pode ser, porque Campos já está morto) é algo impensável. Não que considere Marina um padrão de ética, mas porque sua ligação com o caso é absolutamente tênue.