ELEIÇÃO E RECESSÃO, UMA MISTURA DETONANTE
Presidente da Companhia Siderúrgica Nacional - CSN, Benjamin Steinbruch, está realmente céptico quanto à saúde econômica brasileira. Ocupou os jornais para dizer que "só louco investe hoje no Brasil" em face das elevadas taxas de juros, que, conforme previsões da área econômica, fora do governo, é claro, ainda têm "muita margem para piorar".
Para Steinbruch, que preside ainda a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o Brasil está a beira de uma grave crise de recessão econômica e nada é feito para barrar os problemas.
"A situação está difícil, crítica. A esperança era de que a economia estivesse mais aquecida, mas temos um risco iminente de desemprego e falta de perspectiva dos negócios".
Nada facilita o fato de que a crise está sendo vivenciada em um ano eleitoral, quando as atitudes dos governantes que buscam a reeleição são conservadoras. E, pelo rumo que toma a crise, afirma Steinbruch, é necessário que se faça "algo muito diferente", já que o país está chegando a um limite.
"Medidas paliativas não adiantam. Eu só acredito em uma solução, se houver algo muito diferente para solucionar nossos problemas. Só algo agressivo para arrumar essas distorções".
O que é mais lamentável é que a equipe econômica é fraca e se isola, quando deveria buscar o diálogo. Os problemas que vive o setor automotivo são um exemplo. Nada do que foi feito funcionou. O país perdeu receita e não segurou um emprego sequer. Camuflou a crise, que agora estoura como uma bomba de efeito retardado.
"Há um distanciamento com do governo federal em relação aos problemas que vêm sendo enfrentados pela indústria. Falta comunicação, nossa dificuldade não chega em Brasília. Os problemas da indústria automotiva são antigos e estão afetando toda a cadeia".