O Bem-vindo (Aécio Neves-PSDB) não vai a lugar nenhum e a presidenta Dilma Rousseff (PT) murchou, ainda que mantenha e tenha oscilado positivamente na sua avaliação de Governo. Mas o fato é que a tsunami Marina Silva, com seu quase inexistente PSB e o pouco mais de 2 minutos de TV e rádio tomaram o espaço da campanha eleitoral e as cabeças dos eleitores. E quando o eleitor quer, não adiante remar contra. Ela encarna todos os projetos sociais que Dilma, Lula da Silva e o PT pensam ter a propriedade e ainda sobra um pouco para dar forma a uma certa ética política que a turma do PT e aliados não têm.

A dinamite já estava detonada, mas a poeira tóxica foi lançada pelo Jornal Nacional ao divulgar a nova pesquisa do Ibope. Sem detalhes, pois o números são suficientes: Dilma 34%, Marina 29 e Aécio 19%. Se houver um segundo turno, Marina vence Dilma de 45 a 36%. O estrago está se espalhando e os efeitos logo vão ser sentidos por todo o território, incluindo o Ceará. Não vai ser preciso esperar muito para que o candidato do PMDB, Eunício Oliveira, comece a falar menos em Dilma. Claro, que ele não irá se manifestar a favor de Aécio e sua boba campanha do bem-vindo. Vai aguardar e ver mais de perto o que acontecerá até uma semana antes do dia do voto, em cinco de outubro.

Mas não é só. O candidato do PT do clã (e agora mais clã do que nunca), Camilo Santana, que tem um desempenho muito aquém do esperado, sem conseguir avançar na preferência eleitoral, com o achatamento de Dilma e do PT, ainda que sua campanha não tenha uma grande associação, vai ser afetado ainda mais. Nesse momento, a alta cúpula do clã Gomes deve estar dando tratos à bola para vislumbrar alguma saída. "Marinar" não será possível, nem para o clã, e tampouco para empresário da segurança privada.



Um fenômeno dentro de outro é o que parece acontecer no Ceará (e em diversos outros estados) nestas eleições. Quero dizer que o gancho que iça Marina ao topo (quase lá) das pesquisas não arrasta a candidata ao governo estadual do PSB, Eliane Novais. É certo que a candidata Eliane, que deu o golpe em Nicole Barbosa, que agora seria forte candidata, não consegue nem trocar de roupa para fazer a campanha. Não empolga, não tem empatia. Vai ser difícil, ainda que possa melhorar um pouco seu desempenho.



MUDANÇA DE RUMO



A pesquisa nacional que coloca Marina quase em empate técnico com a candidata Dilma e deixa Aécio na poeira vai impor mudanças de rumo em quase todas as campanhas. As duas do Ceará, que já eram ruins, vão ter de passar por uma reengenharia completa. No plano nacional, a campanha petista não tem muito a mudar. Vai se tornar mais acerba com relação a Marina, mas nada mais que isso. Já o tucano Aécio Neves deve deixar tudo que fez até agora na lata do lixo do bem-vindo e partir para ser o segundo, o que não será muito fácil, porque agora segura a terceira colocação, distanciado. Ou rompe e faz um programa mais polêmico e direto ou nada feito. Voltará ao mandato de senador, talvez com Tasso Jereissati (que vai já descolar) ao seu lado.