A POLÍTICA QUE SEPARA SANGUE
Pode algumas pessoas pensarem que só por estar no ocaso de sua carreira política, Mauro Benevides (PMDB) tenha se obrigado a aceitar em sua aparição na TV (como candidato disputante da reeleição de deputado federal) o pedido de voto para o senador Tasso Jereissati, logo abaixo (e menor) do de governador (Eunício Oliveira). Não se trata disso. Os Benevides, como já comentei antes aqui, já foram a família pública mais poderosa no Ceará - hoje é a família Ferreira Gomes. A derrocada veio a partir de 1993, com a CPI dos Anões do Orçamento, que cassou o filho de Mauro Benevides, então senador, o deputado federal Carlos Benevides. Naquele ano, 37 parlamentares foram investigados por suposto envolvimento em esquemas de fraudes na Comissão de Orçamento do Congresso Nacional. O relatório final de Roberto Magalhães (PFL-PE), pediu a cassação de 18 deles, mas apenas 6 foram para a degola: Carlos Benevides (PMDB-CE), Fábio Raunhetti (PTB-RJ), Feres Nader (PTB-RJ), Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), Raquel Cândido (PTB-RO) e José Geraldo (PMDB-MG). Quatro renunciaram antes: o chefe do bando, João Alves (sem partido-BA), Manoel Moreira (PMDB-SP), Genebaldo Correia (PMDB-BA) e Cid Carvalho (PMDB-MA). Oito foram absolvidos: Ricardo Fiúza (PFL-PE), Ézio Ferreira (PFL-AM), Ronaldo Aragão (PMDB-RO), Daniel Silva (PPR-RS), Aníbal Teixeira (PTB-MG), Flávio Derzi (PP-MS), Paulo Portugal (PP-RJ) e João de Deus (PPR-RS). O rombo foi estimado em mais de R$ 100 milhões públicos, com esquemas de propina, para favorecer governadores, ministros, senadores e deputados.
Mauro Benevides, terminado o mandato de senador não conseguiu renovar seu mandato, perdendo para Sergio Machado, e a família ficou com único representante: Mauro Filho, deputado estadual. Regis Benevides, que chegou a ser vereador, saiu de cena e virou empresário (hoje é quem mais alugas carros ao governo do Ceará). Mauro, depois, voltou ao Congresso como deputado e tem conseguido renovar seu mandato na conta do chá. Houve um tempo em que, como agora, Mauro filho estava em palanque de Tasso e Ciro, contra o PMDB de Juraci Magalhães (falecido) e tinha de suportar ouvir os dois baterem no pai, do PMDB. Agora, no pai e filho estão outra vez em fronteiras opostas e o pai é obrigado a pedir voto contra o filho. E nos palanques, quem sabe o que vai acontecer!