Fim de semana morno, aqui e alhures, marcado só pela movimentação dos candidatos. Houve de tudo. Em Sobral, a grande passeata do candidato do PT do clã, Camilo Santana, houve um grupo que acompanhou a cavalo, incluindo o governador do Ceará, Cid Gomes (Pros), que está licenciado do cargo até o final do período eleitoral (não está previsto o segundo turno) para engajar-se na campanha do seu pupilo ao trono que ocupa por quase oito anos.


DESRESPEITO

Em São Paulo, o comitê de Alexandre Padilha e do senador, Eduardo Suplicy, ambos do PT, foi assaltado. Padilha disputa o governo paulista e o enganador Suplicy o Senado. Teriam sido roubados do comitê, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, celulares, um automóvel e cheques em branco. Vixe, e o respeito aos colegas no existe mais?

A VIRADA

A candidata do PSB ao governo do Ceará, Eliane Novais, fez a 'carreata da virada'. Quantos carros? A candidata, que aparece com 3 pontos percentuais nas pesquisas, percorreu ruas da Capital ao lado do vice na chapa, Leonardo Bayma. Dizem que foi muito animada... mas a virada...

OS DEFEITINHOS DE CADA UM

Ao final de tudo, ficou mesmo a troca de acusações entre o governador do Ceará, Cid Gomes, e o candidato a governador do PMDB, Eunício Oliveira, e alguns lances do debate da TV Diário, que pouco acrescentou, a não ser emoção (e o choro) do candidato Aílton Lopes (PSOL). O momento mais quente foi quando o candidato do clã, Camilo aproveitou uma resposta a seu adversário Eunício Oliveira (PMDB) para repudiar ataques na TV (programa eleitoral) sobre o caso dos banheiros, estabelecendo-se uma rápida sessão de ataque e defesa:

CAMILO

"Eu queria aproveitar essa oportunidade para dizer que, nos últimos dias, o senhor tem usado seu tempo de televisão para covardemente me acusar que eu estou envolvido no chamado escândalo dos banheiros. (...) Eu não era secretário das Cidades quando esse caso aconteceu, em 2010. Eu só assumi a Secretaria em janeiro de 2011 e fui eu, como secretário, que descobri o problema. Aliás, quem está sendo acusado, respondendo até criminalmente, são seus aliados". Foi uma referência ao deputado estadual Téo Menezes (DEM) e ao ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Teodorico Menezes.

EUNÍCIO

"Eu nunca fiz uma acusação ao senhor e, muito menos, uma acusação leviana. (...) Quem faz acusações ao senhor é o Tribunal de Contas do Estado, quem está investigando o senhor é o Ministério Público. Nós somos os candidatos ao Governo do Estado e a população tem o direito de saber em quem vai votar no dia 5". Concluiu dizendo que Ciro Gomes era quem estaria fazendo acusações covardes contra ele.

CID CONTA QUASE TUDO

Voltando à ampla entrevista, que metodologicamente vamos abordar por partes, Cid Gomes fez um balanço do seu governo, reconhecendo o fracasso do setor de segurança, apesar do grande esforço, por seu uma promessa de campanha, cumprida quanto à instalação dos programas e meios, mas não quanto aos resultados. Das outras áreas, principalmente saúde, infraestrutura, e educação, energia e estrutura hídrica, Cid revelou ter feito muito mais do que todos os outros governadores que antecederam. Não posso omitir minha opinião. Tenho diversas divergências políticas com o clã, mas reconheço que Cid fez um bom governo, melhor do que o do irmão Ciro, No início da década de 90.

Depois, foi a vez da política. Cid revelou todo o processo de escolha do candidato, que pode parecer verossímil ou não, em alguns pontos. Falou dos escândalos dos consignados e dos banheiros, minimizando e negando culpa dos citados como envolvidos (consignados – Arialdo Pinho e banheiros – Camilo, entre outros, não inocentados), e até do seu caso recente, motivado pela citação do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, a quem continua negando conhecer.

– Não estou mentindo, não. Eu posso dizer que conheço... sei lá. Tem uma foto minha com o presidente Obama. O Obama me conhece? O fato de ter uma foto comigo quer dizer que eu conheço ele ou ele me conhece. Claro que não. O fato de eu ter estado com o diretor da Petrobras em uma reunião com várias pessoas ou em uma inauguração onde eu estava com o presidente da República... Aliás, vocês devem ter estado lá com algum repórter. O repórter do O POVO conhece o tal Paulo Roberto? Eu continuo com minha assertiva. Não conheço este cidadão. Estive com ele em algumas oportunidades formais, nunca estive com ele pessoalmente, tetê-a-tete.


RAZÃO DA NÃO ESCOLHA EUNÍCIO

Quando fala sobre seu processo de escolha do candidato ao governo do Ceará, desfere os golpes mais duros no ex-aliado Eunício Oliveira.

- Chegou o momento em que pensei qual seria meu melhor caminho? Apoiar o Eunício? Ele me procurou para pedir o meu apoio. Seria o melhor caminho? Penso que não. Eu o conheço bem, bem mesmo, de convivência de muito tempo, e conheço bem o Camilo. O Eunício, a meu juízo, padece de três defeitinhos básicos: é excessivamente ambicioso, e isso é uma coisa perigosa; o segundo deles, tem pouco compromisso com a verdade; e o terceiro, mistura negócios e política. Isso dá um caldo que é absolutamente perigoso para o Estado do Ceará.


Na sequência, Cid Gomes faz de mostrar o diferencial, citando como exemplo seu próprio patrimônio.

- Eu não tenho nenhum negócio. Agora é que eu estou pensando no futuro e tem um terreno que comprei quando era deputado estadual, peguei um financiamento do Banco do Nordeste, fiz uma estrutura e aluguei e isso vai dar uma tranquilidade para minha vida futura. Mas assim mesmo um aluguel, de um terreno que eu já tenho há 20 anos. Investiguem meu patrimônio. Eu vou sair do governo com o mesmo patrimônio que eu tenho há 16 anos: dois ou três terrenos em Sobral, um apartamento em Fortaleza, tudo foi comprado antes de eu assumir o governo. Aliás, minto: tenho um terreno na Serra da Meruoca que eu comprei nesse período. Custou R$ 100 mil, tirado da minha conta bancária, pago com cheques em prestações de R$ 10 mil. A ambição desmesurada está nisso. A pessoa saltou de patrimônio de 30, 40 para 100? É uma pessoa ambiciosa. E, repito, para mim a política é incompatível com negócios. Na hora que você mistura negócios com política, o céu é o limite. Tudo fica nebuloso. O Eunício mistura muito claramente negócios com política, muito claramente.

A FÉ EM MAURO FILHO SENADOR

Ao encerrar a entrevista falou com desalento da candidatura de Mauro Filho (Pros), embora destacando que por ser o último voto a ser definido pelo eleitor ainda é possível, citando que o passado recente mostrou que o candidato a senador vinculado ao candidato a governador vitorioso ganha a eleição, salvo as raras exceções.

- É o último voto. Então, tudo pode acontecer.