Nos Estados em que o segundo turno foi necessário, o modelo presidencial deve predominar como formato maior, ressalvando as vicissitudes locais. No Ceará, por exemplo, vai ser pau de todo lado. Na minha expectativa, a pesquisa que deve sair até o fim de semana (os dois candidatos já sabem algo semelhante pelas internas) deve colocar o candidato do PT do clã, Camilo Santana, com uma vantagem mais confortável do que o aperto em que virou. Eunício Oliveira, o candidato peemedebista, está atrás de munição, mas os indícios do que ele ameaça apresentar não é bom. Esse caso de desavença policial (abuso de poder na fiscalização do voto) - E NÃO DE SEGURANÇA - que ele está alimentado, via vereador e deputado estadual eleito Capitão Wagner não é bom e não prospera. Só o Capitão leva vantagem, pois seguirá surfando em altas ondas rumo a uma candidatura a prefeito de Fortaleza.

Os objetivos são cruzados, quando se leva em conta o fator geográfico. Para garantir a vitória, Camilo deve melhorar seu desempenho em Fortaleza e na RM. Eunício deve trabalhar com mais afinco no interior cearense, onde não foi bem. E o interior é um problema maior. Fortaleza é facilmente alcançável pela mídia, enquanto os grotões cearenses e mesmo os maiores municípios são minados pelas parabólicas, que sintonizam os canais de rio e São Paulo. O jeito será um reforço no corpo-a-corpo caro e difícil de realizar. Eunício é o candidato que tem mais necessidade de desconstruir o adversário, que tem jeito e fala de bom moço, um trabalho que poucos sabem fazer na mídia.

No primeiro turno, a equipe peemedebista não soube fazer e, por isso, não logrou êxito nas tacadas. Foi a turma do clã (do Camilo) que deixou sob suspeita o candidato peemedebista, com a história do crescimento anabolizado do patrimônio, com ajuda do candidato do PSOL, Aílton Lopes, no último debate, com uma pergunta sobre o assunto, incluindo um apartamento na Beira-Mar avaliado em R$ 70 mil. Eunício ficou alguns décimos de segundo sem fala. Contra "o bom" rapaz do Cariri ficou apenas um leve fedor pela falta de banheiros. Contra o governador Cid Gomes (Pros), ainda licenciado, nem o caso de propina da Petrobras, denunciado por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, obteve êxito. Na minha opinião, Eunício Oliveira está em desvantagem e se não mudar - e não parece que vai mudar, pois trabalha com o mesmo barro - corre para a derrota.


O CANHÃO DA TV AGORA É IGUAL

A divulgação das candidaturas, neste segundo turno, 
via TV e rádio vai começar (de 09 a 24/102014) em elevado tom. As pesquisas ainda não saíram, mas devem ser veiculadas até o fim de semana. No embate presidencial, é Dilma Rousseff, do PT, que deve ter sido ultrapassada (em poucos pontos percentuais) pelo candidato tucano, Aécio Neves. Será ela também quem deve inaugurar a fase de ataque ao seu adversário, como forma de barrar o momento ascendente dele. A petista foi favorecida, por ter sido a mais votada do primeiro turno, por ser a iniciante do horário eleitoral de 10 minutos na TV. Deve alternar ataques com as superproduções de obras, como fez no primeiro turno. Como vem e seguida, também com 10 minutos, Aécio vai ter que sair com um remédio genérico e daí já derivando para o agradecimento e para uma fala olho no olho no estilo das que fez no final da primeira volta. Na composição das propostas, que devem vir melhor esmiuçadas, já que o tempo é maior, tomando como base Minas Gerais e até mesmo São Paulo, que é um estado tucano.

UM APOIADOR QUE NUNCA AJUDOU

Senador eleito, Tasso Jereissati (PSDB) já anunciou que será o coordenador da campanha de Aécio Neves (PSDB) no Nordeste. É uma boa ideia e até acredito que agora Jereissati dará expediente na campanha presidencial tucana, o que não aconteceu no primeiro turno. Sério, eu ficaria com vergonha de dizer que pedi voto para um candidato com um resultado eleitoral desse que saiu nas urnas no domingo (05/10/14) em favor da petista Dilma Rousseff. Conforme levantamento do jornal O Povo, houve municípios em que a maioria de Dilma foi desmoralizante: Acopiara - 86,75%, Aiuaba - 88,22%, Jati - 89,42%. Só em Fortaleza, e em nenhum momento por influência do tucano eleito senador, Dilma ficou com folgados 51,63%. 

CONVENÇA-ME DO CONTRÁRIO

Posso não estar certo, mas tenho a impressão de que o vereador e deputado estadual eleito, Capitão Wagner (PR) está deveras desapontado em NÃO ter concorrido a deputado federal, ao invés de estadual. Na parceria com Cabo Sabino, o objetivo era fazer a imagem do amigo de atuação na associação e correligionário e, se possível, conseguir uma votação que o credenciasse a uma futura candidatura a vereador de Fortaleza. Mas, o vento correu a favor e Cabo Sabino acabou eleito federal às custas de chefe e amigo Wagner. Com um discurso acertado e a "casadinha" com Wagner na TV a eleição foi alavancada. agora, do jeito que o capitão quer ser secretário de Segurança, para mandar em coronel, o cabo representa uma anástrofe (como diria a professora Meire) muito maior da hierarquia pois vai mandar no capitão que vai mandar nos coronéis. Era bom acabar logo com essa história de hierarquia na PM.