Não coloco dúvida quanto à legalidade da eleição da presidente Dilma Rousseff, do PT, mas abro espaço para discussão quanto à legitimidade da vencedora. Já coloquei isso aqui, neste modesto espaço. Agora, em arguto artigo, intitulado "Vitoria amarga" (publicado nos jornais Folha e Estadão) o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, faz a mesma leitura.

Menos elegante, quando duvidei da legitimidade eleitoral de Dilma fiz alusão ao estelionato praticado para vencer o pleito. Ou seja, o que ela dizia e prometia estava longe de representar a verdade - da realidade vivida e da futura. FHC, como um "imortal" escritor de reconhecido valor, ancora sua afirmação com o argumento de que o "que foi dito durante a campanha eleitoral não se compaginava com a realidade".

De fato, há uma fissura na vitória petista, que, conforme FHC, fez pouca festa, apesar de um partido afeito a autocelebrações. É visível a preocupação das hostes petistas mais graduadas. Por todo lado entra água na nau capitaneada por Lula da Silva e Dilma Rousseff.

O movimento anti-Dilma cresce e as notícias ruins, sobretudo na economia, não param de aparecer. Corroendo a base do consórcio governista o escândalo da Petrobras, que FHC chama de Petrolão.

As diligências para vedar o casco da nau não chegam ao resultado esperado, como a reforma da área econômica, com um trio conservador (FHC classificou como um tripé “de direita”), mais adequado, se fosse o caso, ao candidato derrotado - Aécio Neves (PSDB).

E, assistindo tudo, a oposição. Poucas são as ações que os opositores têm intentado. O senador Aécio Neves até que se mexe, mas está faltando manejo. É preciso que o discurso dê lugar à prática. Aécio debulhou uma retórica promissora ao reassumir o Senado, depois da derrota. É hora de ação.