Inusitado, sem dúvida, a presidentA Dilma Rousseff (PT), durante reunião ministerial, admitir que jogou dinheiro pela janela. 

Que outra conotação teria a frase dizendo que "o governo não tem mais dinheiro para jogar pela janela”?

Ela falava para a equipe de ministros sobre a situação desagradável a que ela conduziu o país quando sentiu necessidade de pregar austeridade e de defender as medidas de ajuste tomadas para reequilibrar as contas públicas em 2015. O jeito foi admitir que jogou dinheiro pela janela até agora.

Mais estranho foi quanto a PresidentA quis ser espirituosa e usou uma frase (conforme disse) do ministro Guilherme Afif (secretaria da Micro e Pequena Empresa): "sabemos que um boi se come por partes. Vamos comer o boi por partes então”.

Ficaria mais adequado para o contribuinte, presidentA, se a senhora usasse a frase que dizia Jack, o Estripador*, "vamos por partes...". Encarnaria mais o espírito do pacotaço de aumento de impostos com o objetivo, que pode ser alcançado - a alto preço para o contribuinte - de reequilibrar as contas públicas, carcomidas pela má gestão dos últimos anos.

NEM QUE A VACA TUSSA

Já quase no final da reunião, Dilma tentou instrumentalizar seus 39 ministros (e alguém até argumentou que deveria ser criado mais um, mas foi peremptoriamente rechaçado) para responder sobre o (des)cumprimento de suas propostas de campanha.

Justificou a presidentA que a guinada na política econômica já havia sido sinalizada durante a campanha, pois “a população votou também por mudanças e nós não podemos esquecer disso. Mostraremos que não alteramos um só milímetro do projeto vencedor das eleições”.

Concorda?

Sobre as mudanças anunciadas no pagamento de benefícios trabalhistas sociais, que ela disse, na campanha, que não "muda nem que vaca tussa", Rousseff negou que elas representem redução dos benefícios e que, "nesses casos, não se tratam de ajustes fiscais mas de aperfeiçoamento de políticas sociais para aumentar sua eficácia, eficiência e sua justiça. Sempre aperfeiçoamos as nossas políticas”.

Encerrou dizendo que "os direitos trabalhistas são intocáveis e não será o nosso governo, dos trabalhadores, que irá revogá-los. Não podemos permitir que as falsas versões se criem e se alastrem”.

Também concorda?


* Trata-se do Serial-Killer mais famoso da história, também conhecido como o estripador de Yorkshire. O desconhecido mais conhecido de todos os tempos matou cinco mulheres durante dez semanas em 1888. As vítimas — Mary Ann Nichols, Annie Chapman, Elizabeth Stride, Catherine Eddowes and Mary Jane Kelly — eram todas prostitutas.