Qual o resultado, de momento e de futuro, do episódio CID GOMES (Pros) em sua espalhafatosa briga com alguns deputados federais e de sua desastrada saída do ministério da Educação? Vi diversas análises e identifique nacos pertinente em todas, mas nenhuma conseguiu colocar os fatos inteiramente no sistema condicionante em que ocorreu. Por isso, nenhuma delas satisfaz.
Uns dizem que ele foi o grande ganhador, outros garantem que perdeu capital político e as redes sociais, conforme os levantamentos de especialistas, demonstram disparada aprovação. Houve até quem lembrasse que, dependente dos passos seguintes, CID GOMES pode pensar em uma futura candidatura a presidente.
UMA ARAPUCA ESPERADA
Em verdade, o episódio todo foi uma arapuca armada por um lado, mas que o outro não desconhecia. Deu naquelas cenas burlescas. É certo que, no resultado, foi predominante o sentimento de vingança de uma Câmara com o respeito ao rés do chão. Muitas cidadãs e muitos cidadãos se sentiram contemplados no desafio do ex-ministro de reafirmar o que disse - que havia entre "300 a 400 achacadores" no Congresso. Há poucos dias, o próprios presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB), denunciado por participação no propinoduto da Petrobras, chocou o Brasil porque queria dar passagens, por conta do erário, é claro, para esposas de deputados e maridos de deputadas. Foi obrigado a recuar. Quem anda com a braguilha aberta não pode pregar moral.
Mas, pelo menos, um deputado federal agiu destoando dos outros. Sentiu em sua fala contra o ex-governador cearense uma vingança pessoal - CABO SABINO. Foi excluído das fileiras da PM por participação na greve da PM em 2012, e estava até com processo pedindo a reintegração. Em dobradinha com Capitão Wagner (PR) foi eleito deputado federal embora só quisesse fazer conhecimento para uma candidatura a vereador. SABINO e WAGNER são autênticos produtos da arrogância do clã GOMES.
Ademais disso, com circunstância interveniente, leva-se em conta também a fraqueza do governo Dilma Rousseff (PT), sendo engolido por uma crise que não consegue parar e a permanente vontade da Câmara, principalmente, e depois do PMDB e, ainda, do próprio PT de mostrar força. PT e PMDB porque acham que um ministro importante como o da Educação deveria ser do núcleo superior e não da periferia partidária, e política. Foi uma escolha pessoal - e um erro - da presidenta que o ex-presidente Lula da Silva foi o primeiro a reclamar.
Entre outros ingredientes condicionantes aponto ainda o estilo CID GOMES, definido como um político mercurial, embora nem tanto quanto seu irmão CIRO, que já foi apeado de altos índices de aprovação em campanhas presidenciais por falar bravatas e até mentiras.
Por todo esse cenário - e mais algum que não me ocorre agora - digo que não nada de positivo resultou para o ex-ministro CID GOMES, nem agora, nem no futuro. Pode até ser encarado como um político de coragem como o irmão CIRO, mas fica nisso. É peixe que não sabe se livrar do anzol. No Ceará, terá quantos mandatos de deputado quiser. Pode pensar em voltar ao governo, mas vencer a cancela, não será fácil.
Quanto ao destino imediato, que alguns lembraram, passar uma temporada fora e escrever um livro é o melhor. Domando com mais rigor o espírito oligarca, quem sabe, a língua não se torne um pouco melíflua.