A firula jurídica do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro, para aprovar a redução da maioridade penal, desagradou, abriu discussões em diversos segmentos e impôs mais uma dificuldade para o governo Dilma Rousseff, do PT.

Quem mais chia é a pequena minoria de alguns partidos, sobretudo PT, Psol, alguns gatos pingados de PDT e outros partidos, e alguns jornalistas engajados - até opiniões foram publicadas. Sempre se disse que a minoria esbraveja enquanto que a maioria silencia.

A aprovação da emenda aglutinativa (323 contra 155), depois de ter perdido em plenário o substitutivo (303 a 184), no dia anterior, abriu também discussões jurídicas, essencialmente dos contrários, como o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, que segurou o julgamento do MENSALÃO mas meteu o pé na carreira no momento seguinte, antecipando inexplicadamente sua aposentadoria.

Todo o episódio, marcado por discussões e acusações acaloradas, escancarou o fosso, que já existia disfarçado, nas relações PMDB - PT. O governo, marcado por seguidas derrotas na Câmara, principalmente, desde Eduardo Cunha assumiu a presidência, tinha se ancorado no presidente do PMDB e vice-presidente Michel Temer para articular as complicadas relações com o parlamento.

A maioria dos petistas e o presidente da Câmara são agora adversários declarados. É o próprio Eduardo Cunha que defende que o vice-presidente da República, Michel Temer, deixe a articulação política do governo assim que o Congresso encerrar as votações do ajuste fiscal.

O que Cunha alega em seu arrazoado é grave. Acusa o PT de estar sabotando o peemedebista. Sobre as acusações de conduzir um golpe ao colocar a emenda aglutinativa em votação, Cunha debochou dos petistas:

“Isso é choro de quem não tem voto. Choro de quem está entrando na agenda que não é a agenda da sociedade”.

O governo está acuado e tenta reagir, mas são risíveis as iniciativas. Sabe o que o governo petista fez para segurar o vice-presidente? O ministro Mercadante (Casa Civil), que tem pose de arguto intelectual, mas não passa de um inepto, emitiu uma nota tecendo elogios a Temer e evitar ainda mais desgaste na coalizão governista. Efeito zero.


Para amigos, Michel Temer avalia deixar a articulação congressual do governo, mesmo porque se há boicote ele vem das duas partes. Um exemplo foi a aprovação, pelo Senado, do aumento dos servidores do Judiciário, que vai obrigar o governo e ter o desgaste de vetar.