Não sei como a defesa do ex-ministro da Casa Civil de Lula
da Silva e condenado Zé Dirceu (PT) consegue articular tanta asneira. Dizer que
a nova prisão do ex-ministro é política e não jurídica e que Dirceu está
sendo bode expiatório da operação Lava-jato e valorizar demais um mero
ladrão do dinheiro público.
Dirceu, em toda a sua carreira, incluso na época da
ditadura, nunca fez nada a não ser por ele mesmo ou pelo grupo em que se insere
na oportunidade, ainda assim com o objetivo de perpetuar o domínio e, claro, de
continuar se dando bem.
A operação Lava-jato chegou agora ao ponto que já era sabido,
mas que ninguém tinha como provar. Que o MENSALÃO E O PETROLÃO eram produto de
um mesmo esquema e da ideia de um mesmo grupo, embutido no desejo de dominar a
política e o sistema brasileiro, fortificado com o aparelhamento da máquina
(que andou e muito) disso ninguém dúvida.
O ex-ministro da Casa Civil de Lula foi o condutor, com o aval
de seus pares maiores. Contudo, como o lobo perde o pelo mas não o vício,
Dirceu se perdeu na ambição pessoal, que foi sempre a sua marca esconsa.
No caso do MENSALÃO, ele brigou com o deputado federal Roberto
Jefferson pela divisão de dividendos. Abençoadamente, Jefferson
denunciou e desmantelou a gangue, ou melhor um segmento da gangue que mamava o
dinheiro público, com o resultado que conhecemos.
Como uma Hidra de Lerna, cortada uma cabeça, outras surgiram.
O que antes fluía através de agência de publicidade (Marcos Valério), agora
tinha outra matriz - a Petrobras, sem dúvida um manancial muito mais amplo. Por
isso mesmo, foram instituídos alguns operadores.
Na cadeia, operador originário começou a ser descartado,
ainda que continuasse a receber, mediante exigência aclarada pelo irmão/sócio.
Só que o "rendoso negócio" cresceu demais, atraindo empreiteiras e
outras grandes empresas, ao mesmo tempo que tinha necessidade de mais
operadores e lavadores/doleiros.
Grande demais - já ultrapassando os umbrais da Petrobras - e
com muita gente do grupo dando sinais de riqueza, as pistas foram aparecendo e
o "grande negócio" caiu nas malhas da Polícia Federal, através da
OPERAÇÃO LAVA-JATO. Era o começo do fim de uma roubalheira que estava instalada
há 12 anos.
A apuração está longe de chegar ao fim. Mal saiu da Petrobras.
Falta passar o pente fino nas subsidiárias, sobretudo a TRANSPETRO e o milionário
programa de construção de navios, nos
fundos de pensão, no setor hidrelétrico e no BNDES.
O pessoal do Planalto teme o acirramento dos ânimos contra o
PT e a presidente Dilma Rousseff e que, igualmente, aumente o clima de
beligerância no País num momento crucial, em que ela precisa de apoio para
enfrentar a pressão dos que querem o impeachment. Há também o temor de que a
investigação atinja o ex-presidente Lula.
Sem dúvida que o Planalto e o ex-presidente veem, cada dia,
as investigações chegando mais perto. O desconforto da presidenta e do
ex-presidente é inegável. A ordem é proteger os dois petistas mais estrelados
do escândalo, mas o que mais incomoda e não tem remédio é a manifestação
marcada para o dia 16/agosto/15.
Se a pauta continuar a ser da operação Lava-jato não tem
saída. A manifestação será grande e deixará um enorme peso sobre o governo
petista. O medo é que novas delações compliquem de vez o cenário.