Qual a razão da pressa do PT em abandonar o senador Delcídio Amaral (PT-MS), pego com a boca na botija na operação Lava Jato? A mesma razão que levou o Palácio do Planalto a dizer que teme que o senador preso diga mentiras sobre o governo Dilma para se vingar.
Trocando em miúdos, significa que tanto o PT de Lula da Silva e de Rui Falcão quanto o governo Dilma temem que ele abra a boca. Por isso trataram logo de desautorizá-lo.
Evidente está que Delcídio não está na rota da propina sozinho. Basta perceber o que ele estava prometendo a Nestor Cerveró para não entrar na delação premiada: fuga para a Espanha, uma mensalidade de R$ 50 mil e mais um colchão de R$ 4 milhões, que seria pago pelo banqueiro André Esteves, também no xilindró.
Se Delcídio vai falar ou não, o tempo dirá. Por enquanto o senador está calado, o que lhe é favorável. Mas se na sua delação Cerveró conseguir comprovar tudo o que contar, com certeza jogará mais suspeição sobre o governo Dilma e o alquebrado PT.
Neste momento, a tirar pelas reações de próceres petistas, no governo e fora dele, a estratégia é colocar o até outro dia habilidoso líder como um idiota. O presidente do partido negou solidariedade, a bancada no Senado amarelou e o líder maior, Lula da Silva, não lhe poupou descompostura - "que idiota, que loucura, coisa de imbecil".
Se participasse de uma gangue do tráfico, por exemplo, no Rio de Janeiro, Delcídio teria sido executado e abandonado em uma ruela de uma favela qualquer por ter colocado todo o grupo em risco.