Definir precisamente o que seja oposição é difícil neste Ceará de muitas chuvas mas com vaticínio de viver o quinto ano de seca. Os dois maiores partidos do Brasil e também do Ceará - PMDB e PT - não conseguem ser inteiros.

O PT, outrora ideológico e hoje uma agremiação oportunista e respondendo a centenas de denúncias de corrupção e outras mazelas, tem um olho no gato e outro no peixe, ou seja, metade é governo e a outra parte é oposição. O PMDB igualmente flutua entre um lado e o outro. Até PSDB e DEM dormem com o inimigo.

Seja como for, digo que os opositores ao governo do Ceará e à Prefeitura de Fortaleza estão em marcha batida para entregar ao prefeito Roberto Cláudio mais quatro anos de mandato.

Por ruim que seja, um prefeito consegue 25% dos votos. Imagine Roberto Cláudio que está enchendo Fortaleza de canteiros de obras. Só não termina a Beira Mar. Nunca sai da área dos peixes. Parece que...

Vamos fazer um exame, passível de erros, é claro, com possíveis candidatos, só dos grandes partidos, mas incluindo o PSOL de Renato Roseno e Adelita Monteiro (não creio). Computando só os votos válidos:

·      Roberto Cláudio (PDT) - Entupindo a cidade de canteiros de obras (e ainda falavam de Juracy Magalhães) pode conseguir até mais de 22% dos votos de Fortaleza;

·      Heitor Férrer (PSB) - mesmo andando em lamentável companhia, tira, na ruim, 15% dos votos;

·      Capitão Wagner (PR) - tem caixa para ficar com algo em torno de 15% dos votos, também;

·      Renato Roseno (PSOL) - fica na casa dos 5%;

·      Luizianne (ou Elmano) - Um pouco abaixo, na caixa dos 13%.

Ainda falta colocar (possibilidade reduzida, mas não descartável):

·      Moroni Torgan (DEM) - Nunca caiu de 15% em suas quatro disputas;

·      PMDB (ameaça colocar Vitor Valim) - Ficaria em torno de 8% nesse quadro congestionado;

·      PSDB (fala no insosso Carlos Matos) - poderia chegar aos 5%;

·      Todos os pequenos juntos - na faixa dos 2%.

Nesse quadro congestionado, Roberto Cláudio pode cravar o primeiro lugar do primeiro e será duro de cair no segundo turno.

Há um outro quadro, entretanto, não muito bom para o prefeito Roberto Cláudio, que o obrigaria a ir para uma aliança mais forte com Moroni (hoje é uma aliança a meio pau) ou a uma briga insana para receber a metade inimiga do PT, que o insípido governador Camilo Santana tenta puxar para a candidatura de RC. Não consigo enxergar PT e Moroni (DEM no mesmo palanque):

·      Seria PMDB apoiar Capitão Wagner (PR), compondo com o vice com Danniel Oliveira (tudo menos o desenxabido Gaudêncio Lucena);

·      PSDB ir com PSB de Heitor Férrer (apesar do homem da Funasa), igualmente dando o vice Carlos Matos (melhor seria a  Mayra Isabel Pinheiro, presidente do Sindicato dos Médicos-CE);

·      Moroni (DEM) não colocando sua candidatura, que não quer, para apoiar Roberto Cláudio. O caso aí seria negociar mais com Moroni: vice, ele não quer (e já disse). Poderia indicar um vice do DEM, mas quem? (Só  há um insuspeito nome) e o PDT do clã Gomes comeria essa bola dividida?

·      Fica solta a situação do PT. Vai com Luizianne ou Elmano? No caso de PMDB e PSDB comporem com vices de Wagner e Heitor, não importa muito se o desgastado PT disputará só a eleição. Agora, se decidisse fechar com Roberto Cláudio, melhoria muito para RC, principalmente em tempo de TV e rádio, ainda muito importantes. PESARIA MAIS, TODAVIA, SE APOIASSE CAPITÃO WAGNER (PR).

Um pleito com apenas Roberto Cláudio, Capitão Wagner, Heitor Férrer, Luizianne ou Elmano (ou não), Renato Roseno e nanicos deixaria o segundo turno em aberto. Claro que a maior chance continua sendo do atual prefeito, pelo teto de Heitor Férrer, o peso do presidente Danilo e a fraqueza do PSDB. Deve ter um bom desempenho.

Sobrará, porém, a possibilidade de uma surpresa com Capitão Wagner (PR). O deputado, candidato a candidato, vai precisar vencer ainda algumas travas limitantes de sua carreira política e segurar a vaidade exacerbada do presidente do PMDB, Eunício Oliveira (já o derrotou ao governo). Poderá entrar no segundo turno. Aí, seria pau a pau.

Este o quadro de hoje.