Ciro Gomes (PDT) ataca o debutante João Dória (PSDB)
Lula faz a inauguração paralela de trecho da Transposição
Será que há jeito para a nossa política anárquica? Pelo que se percebe, não. Até poucos dias atrás o presidenciável Ciro Gomes sequer conhecia o prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB). Sabia da existência dele, é claro, contudo, nada havia para ser dito "aos costumes". Mas bastou sair uma pesquisa sobre e corrida presidencial ainda nem iniciada, em que João Dória aparece BEM AVALIADO, para que Ciro Gomes perdesse o que tem pouco: o equilíbrio.
Zangado, Ciro Gomes tratou de desancar o prefeito paulista, no cargo há menos de três meses. Disse preferir "mil vezes o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) como presidente do Brasil do que o atual prefeito de São Paulo, João Dória", a quem chamou de "farsante". Por fim, avaliou que o tucano tem feito um governo de "factoide", de "papo furado".
O prefeito paulistano, João Doria, no papel do Rei Sol[1], retrucou que o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) foi desrespeitoso com a população de São Paulo (SP é João Dória) e só "confirmou" sua "instabilidade emocional e desequilíbrio político". Dória encarna São Paulo e tira proveito do momento político. A Lava Jato não deixa quase nada em pé e obriga a exercícios de sobrevivência desafiadores. Nesse cipoal de denúncias de corrupção, que tisna quase todo o conjunto político e partidário, abre-se a oportunidade de novos viventes. Lembre do efeito Collor de Mello.
A diferença no caso passado, e tão infeliz quanto o atual, é que aquela época Lula da Silva também amedrontava, mas por parecer um político da esquerda radical. Quase 30 anos depois assusta mais pela incompetência (quebrou o Brasil) administrativa e pela corrupção que representa. Mas, ainda assim, está vivo e esperneando para escapar da enxovia.
E como a necessidade a tanto obriga, a corrida sucessória chega a paroxismos. Ciro ataca a quem aparece em sua frente. Nem importa se o tempo é curto para uma avaliação. Pelo seu lado, Lula da Silva também não deixa barato, seguindo o que, em desespero, pede a ex-presidenta Dilma: "é fundamental garantir que Lula seja candidato em 2018".
O ex-presidente, réu em cinco ações penais, faz uma espécie de GOVERNO PARALELO. Foi assim que bancou a "INAUGURAÇÃO" do trecho da TRANSPOSIÇÃO em Monteiro, sertão da Paraíba, que havia sido INAUGURADA uma semana antes pelo presidente Michel Temer (PMDB). Lula da Silva levou Dilma Rousseff e seu séquito burocrático para assumir a paternidade da transposição do Rio São Francisco, qualificando como MENTIRA o ato realizado por Temer. E, claro, que o evento foi todo bancado pelo dinheiro público, de origem 'propinesca' ou não.
Óbvio que o evento paralelo tomou fortes ares de campanha eleitoral, e foi um emotivo Lula da Silva que se lançou candidato em 2018, não dispensando a crítica a uma "articulação pública com o objetivo de impedir seu retorno ao Palácio do Planalto".
- Nem sei se estarei vivo para ser candidato, mas sei que eles querem evitar isso. Eles que peçam a Deus para eu não ser candidato. Porque, se eu for, é para ganhar.
O ex-presidente não perdeu tempo e tratou de insinuar, através de menções indiretas às suspeitas (ações judiciais) levantadas contra ele na Justiça, afirmando que ditas ações buscam minar sua candidatura. É um ilusionista.
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- Nem sei se estarei vivo para ser candidato, mas sei que eles querem evitar isso. Eles que peçam a Deus para eu não ser candidato. Porque, se eu for, é para ganhar.
O ex-presidente não perdeu tempo e tratou de insinuar, através de menções indiretas às suspeitas (ações judiciais) levantadas contra ele na Justiça, afirmando que ditas ações buscam minar sua candidatura. É um ilusionista.
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[1] Luís XIV, conhecido como o Rei Sol, o maior dos reis absolutistas da França (1643-1715). Filho de Luís XIII e de Ana d'Áustria, infanta da Espanha, ainda não completara cinco anos quando subiu ao trono, após a morte do pai (1643). Antes de assumir o governo a França foi governada pelo primeiro-ministro do reino, o cardeal Jules Mazarin, que o preparou para o cargo. Seu reinado, de forte presença na história da França, durou mais de 50 anos e se destacou politicamente pelo absolutismo monárquico. Construiu o Palácio de Versalhes e a ele se atribui a frase "L'État c'est moi" (O Estado sou eu).