Ciro Gomes abriu o jogo e dividiu o partido, a família e os amigos. Agora, está sendo obrigado a voltar aos mesmos caminhos do aposentado Tasso Jereissati. Foi mais fundo e atacou a roubalheira e o crime organizado, que, vez por outra, se confundem, ou melhor, se misturam.
O caso é que Camilo usou o poder do governo
para criar seu grupo e ficou forte demais – fez cabelo, barba e bigode na luta
eleitoral passada. E aí, como o lençol é curto, e não serve para cobrir a todos,
e, mais que isso, como 20 anos de poder gera desgaste de uso até em metais,
a mesa está sendo dividida aos sopapos. Desse modo, sobram pescoções e perdigotos
para todos os lados. Os irmãos FGs estão dividindo o lado da mesa mais pobre –
o do PDT. Camilo Santana fez jogo duplo os 8 anos de governo, ou seja, era PT,
fingia que não era muito arraigado, mas cravava forte os dentes no patrimônio FG.
Veio a eleição, trabalhou bem com a vice Izolda Cela e com a máquina do seu governo.
Levou tudo: fez o governador, ganhou o Senado, elegeu os principais parceiros e
o governo Lula, satisfeito, lhe abriu as portas. Sobraram aos FGs uma
prefeitura fraca e um partido minado, com a metade dos filiados querendo ocupar espaço na
mesa farta do Camilo e do PT.
Com a proximidade da nova eleição
(municipal), o quadro se agravou e os ataques se tornaram mais violentos e a amiudados.
Camilo e o seu PT ganharam volume para tomar a Prefeitura de Fortaleza, com o
time próprio ou com reforços tirados da força adversária. Daí, Ciro Gomes, que
está abraçado ao lado pobre da mesa, enfrenta o irmão Cid Gomes, íntimo de
Camilo, albergando o prefeito José Sarto e o ex Roberto Cláudio, entre outros
deserdados, e até chamou ao seu lado o sem voto Tasso Jereissati.
Agora é dar espaço ao verbo, cada vez mais abrasador,
mesmo ganhando o partido, com menor contingente. O tempo é curto, mas se bem e
sabiamente usado, pode até sensibilizar o eleitor.