Por uma questão de resgate: duas conversas recentes, aparentemente desconexas, instigaram-me e fizeram-me fluir à cabeça algumas ideias em flashes soltos, resultantes de minhas andanças e observações pelo mundo afora. A primeira delas, saltitou em minha frente quando vi o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (Pros), na briga ingente com setores atrasados na sociedade e com o parlamento mirim para construir os binários (ou seria somente um?) das avenidas Dom Luís e Santos Dumont, já em funcionamento (não sei se parcial). Dias depois, fui outra vez açulado, agora, pela leitura de uma (das muitas) baboseira dita em alto tom (típica de quem não sabe nada sobre o assunto) pelo pré-candidato do PMDB, senador Eunício Oliveira, sobre o combate ao crime, na campanha conhecida como "tolerância zero", executado em Nova Iorque, no início da década de 1990, com o então prefeito, Rudolph W. Giuliani*.


No primeiro caso (do binário), vi semelhança conceitual, principalmente no caso da Dom Luís, com a “Broadway”, ou com a Quinta Avenida (famosas avenidas do centro de New York). Pensei logo, estaria o prefeito Roberto Cláudio querendo transformar a avenida Dom Luís numa "BROADWAY", ou seja em uma avenida larga com as melhores lojas e os mais belos luminosos? E como uma coisa puxa outra, falei ao prefeito para que, se fosse assim, ele pegasse a mal alinhavada proposta do senador Eunício Oliveira, de ressuscitar o programa passado - NYPD - de tolerância zero contra o crime, e instalasse em Fortaleza. Quem sabe, poderia dar certo. Afinal, foi um prefeito quem conseguiu tão alta façanha em NY.


O salto seguinte foi fazer chegar ao prefeito RC que se a ideia (talvez nem seja nada disso, mas somente um delírio meu) fosse criar algo semelhante às grandes avenidas nova-iorquinas, que, ademais do programa NYPD-tolerância zero ao crime, ele segurasse (antes que a má especulação imobiliária o faça) o terreno onde ficam o 23°. BC e o 10°. GO para transformá-lo no Central Parque de Fortaleza? Estava feita e pronta para servir uma inacreditável miscelânea de ideias que, se fosse à execução, colocaria Fortaleza no rol das grandes capitais do mundo.


Central Park - NY

Parque do Ibirapuera

Agora, preste atenção: quando falei que o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, poderia fazer um Central Parque (ou um Ibirapuera-SP, também muito bom), claro que não pensava que ele tomasse a si tarefa tão ingente. Pensei apenas que ele (acho) poderia liderar o empreendimento junto aos diversos níveis e setores da sociedade, iniciando com uma conversa com o EB (e governo Federal) que habita a privilegiada área (10°. GAC e o antigo 23°. BC). Sem dúvida que, na condução da ousada iniciativa, deveriam ter fundamental papel (também) governo de Ceará, entidades de classe e iniciativa privada, principalmente, o setor imobiliário. Significaria, um grande salto na reengenharia desta Fortaleza da boca torta, que somente sopra progresso para um lado, enquanto vai deixando um rastro passado de abandono, com superinfraestrutura, como acontece com o Centro da cidade (hoje já com extensão), que o "proprietário" Pio Rodrigues brinca de resgatar com pífias festas de natal e promoções que só dão para o bolso dele.

Centro de Fortaleza

Vale indagar, por que não pensar nos prédios que poderiam ser construídos ao redor do Central Parque, senhor empreendedor do umbigo grande? E mais, um parque tem vida, oxigena e alivia a vida, e até o trânsito. Não precisaria, portanto, impedir acessos e passagens, como o Central Park (NY), que tem ainda espaço para shows, mil atividades turísticas, restaurantes e outros empreendimentos – e até um grande supermercado em suas asas. É enorme o universo de possibilidades, o que tornaria Fortaleza realmente uma grande cidade, do mundo.


OS URUBUS GANANCIOSOS SE MOVEM COM O PODER

Agora, devo dizer, por desencargo - e mesmo por teimosia - que não respeito pessoas que temem (e nem os próprios) maus especuladores, empresários, políticos e governantes e, assim, se acomodam com o "status quo" do nada a fazer para não enfrentá-los. Não interessa o que já disseram ou não sobre o assunto no passado, o tempo é agora. A sociedade sempre avançou na frente de governantes (maus ou bons) e dos maus especuladores, empresários e políticos que cercam os donos do poder. NÃO SERÃO OBSTÁCULOS, PORTANTO, SE OS PLANTONISTAS DO PODER QUISEREM.
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* A epidemia de crack que desafia o Brasil já foi uma peste em New York. Foi VENCIDA NOS ANOS 90. Nova York também tinha uma cracolândia e conseguiu acabar com ela. Era o Bryant Park, no coração de Manhattan, entre as ruas 40 e 42, que havia rirado um mercado de drogas a céu aberto, cercado por traficantes, viciados e mendigos nos anos 80. Hoje, não existe mais nem resquício dessa cracolândia. Naquela época (há 25 anos), andar pelas ruas de Nova York não era tão seguro quanto é hoje. Um estudo, realizado pelo Bureau of Justice Statistics, mostrou que o uso de crack estava relacionado a 32% de todos os 1.672 homicídios registrados em 1987, e a 60% dos homicídios ligados às drogas. O crack havia se espalhado rapidamente por Nova York. Para vender o crack, os traficantes se estabeleciam em edifícios abandonados e assumidos pelo governo de Nova York por conta de impostos atrasados. Esses locais, predominantes em Alphabet City, ficaram conhecidos como crack houses.

O combate eficiente somente começou a acontecer a partir do aumento da tropa policial em quase 50% e a adoção de leis severas e de tolerância zero. A lei Rockefeller, apesar de ser de 1973, foi responsável pela explosão no número de condenações por posse de drogas. A lei estabelecia sentenças mínimas obrigatórias de 15 anos até a prisão perpétua por posse de cerca de 110 gramas de qualquer tipo de droga. No início da década de 1990, o então prefeito de Nova York, Rudolph W. Giuliani, instaurou a política de tolerância zero, que impunha punições automáticas para qualquer tipo de infração, como a pichação, por exemplo. O objetivo é eliminar por completo a conduta criminosa e as contravenções. Durante sua administração, Giuliani reduziu pela metade as taxas de criminalidade de Nova York.