Depois de mais um desmaio público, o governador do Ceará, Cid Gomes – que eu desejo que esteja bem e disposto – não foi à convenção nacional do seu partido, o PROS, em Brasília (hoje, 24/06/14), para homologação do apoio da agremiação à reeleição da presidenta Dilma. A assessoria do governador, como sempre, deixou tudo meio nebuloso ao anunciar que ele já cumpria agenda. O fato é que Cid não foi a Brasília e nem se sabe se participa da reunião que ele mesmo convocou (hoje, 24/06/14) com os representantes dos partidos aliados ao seu Governo, para receber a adesão de mais um partido, o PRB, elevando a coligação a 24 agremiações.

Torcendo para que esteja bem, o governador cearense tem em mãos o desafio de resolver, até domingo, o problema da escolha do seu candidato ao Governo do Estado, ademais da composição da chapa majoritária (governador, vice-governador e senador). A habilidade deverá predominar para que o grupo comandado pelo clã não vá para o pleito, que será difícil, com divergências perigosas. Não se espera, pelo nível de subordinação, que resulte em “racha” a escolha de um dos nomes que estão declaradamente à disposição da escolha do Gomes governador, para a disputa sucessória, mas é inegável que há insatisfações na base política do clã contra a indicação do nome do PT, deputado federal José Guimarães, ao Senado.

É inconteste que são muitos os problemas para compatibilizar interesses de um grupo tão grande e ávido da sombra generosa do poder. Se muitos são os contemplados, há os que reclamam, mesmo comendo o pirão do clã, e há os que são alijados. O Senador Inácio Arruda (PCdoB) é um deles. Cid Gomes, como um magnânimo homem do partido, diz que até entende ser legítimo Inácio pleitear a vaga de senador, mas o cacife dele está pequeno. E se dependesse do despenho de Arruda no Senado, não sobraria nem uma vaga de vereador, em Arneiroz. Também está fora da panela uma banda do PT, que é liderada pela ex-prefeita Luizianne Lins. No fim, fica a conclusão que o Ceará é tão “pequeno” politicamente que a oposição morre de inanição. A mudança só é possível quando a megacefalia do poder se rompe e parte dela se traveste de oposição. Como é o caso atual, quando o peemedebista de pouco coragem, senador Eunício Oliveira, é quase empurrado para ser uma alternativa de poder na situação.

Sem nenhum favor, oposição mesmo só o pré-candidato Roberto Pessoa (PR), mesmo quase engolido pelo tamanho do seu partido, ainda assim, com gente querendo um acordo com o candidato alternativo. Tasso Jereissati (PSDB), em que pese apoiar o candidato de oposição Aécio Neves, não representa aqui (e só disfarça em nível nacional) uma verdadeira oposição. Carrega muitos interesses privados para ser contra o poder, com quem sempre, de uma forma ou de outra, se deu e se dará bem. Afinal, foi bem aquinhoado, recentemente, até em nível internacional.


O poder político é usado, com rara exceção, como locupletação. Por isso, é heresia falar que o “Ceará merece respeito”.