O ataque, seja frontal ou seja pelos flancos, faz parte do marketing eleitoral tanto quanto a busca do conhecimento, a venda da boa imagem e da proposta milagrosa. Para ser direto, quem faz o pró tem que saber também fazer o contra. Mas, trabalhar o “bad” exige um pouco mais de gradação, o que produz dificuldades em muitos casos, mormente (lembrei de Arnaldo Santos) se o marqueteiro é do tipo publicitário pleno, como caracteriza a maioria, que gosta de Vídeos (VTs) propositivos, em cima de problemas (detectados em pesquisas), plasticamente perfeitos e melosos. São fartos também, nos casos de reeleição ou de trabalhos realizados pelo candidato, os VTs “criativos” sobre obras e intervenções.

Já foram feitas diversas experiências no campo dos ataques ao adversário: falas de “populares”; depoimentos de personagens influentes da sociedade (lembra do “Paesgriça” de Paulo Lustosa contra Paes de Andrade, na eleição que selecionou prefeita Maria Luiza Fontenelle?); quadros de humor... O mais comum, porém, porque mais fácil, é manter um grupo de “pistoleiros”, para atacar pelos flancos, enquanto o candidato segue sereno, imaculado sem proferir sequer o nome do adversário. Como em nenhuma das duas campanhas de maior porte, no Ceará, parece ter marqueteiro de experiência na área, ou melhor ainda, tem marqueteiro de sobra e com experiência no grupo, a estratégia da “pistolagem” está sendo comum às duas. Parece até que estou ouvindo os marqueteiros, de um lado e do outro, argumentado que é preciso colocar no adversário, o quanto antes, “uma pecha tal ou qual”, saindo para a tocaia e o ataque, em seguida. A questão é que também aí pode ocorrer um volta-face, se não houver cuidado com a gradação. Também na campanha presidencial a estratégia do ataque saiu pelos lados. Lula da Silva (PT) "atirou" em Aécio Neves (PSDB) com a munição
construção do aeródromo de Cláudio (MG). Pimenta da Veiga, aliado e candidato ao governo de Minas de Aécio, foi o escalado para responder, relembrando o escândalo Rosemary Noronha. 



COM OU SEM CONTROLE

De volta ao Ceará, o mais novo dos Gomes, Ivo, se especializa em "bater", mas foi o mais velho, Ciro, que é marqueteiro, economista, engenheiro, profissional de saúde e comandante da polícia, useiro e vezeiro nas estratégias de ataque para colocar pecha nos adversários, quem desferiu os primeiros “tiros”. Há algum tempo já vem dando estocadas na periferia (aliados) de Eunício Oliveira. A surpresa foi o aluado Gaudêncio Lucena (que tem no currículo um MBA em marketing), quando se esperava que fosse o vice Roberto Pessoa (PR), ter sido o escalado para desancar os Gomes. Houve erro na escolha do executor e do alvo. 

Devo confessar que, no marketing, gosto mais do “bad”. Acho mais verdadeiro e mais interessante ao eleitor. Só lamento que a campanha em curso não ofereça mais opções aos eleitores. Não gosto de toldar a água que vou beber, mas tenho o consolo de que, pelo menos, não serei de todo enganado e ficarei mais atento na cobrança. É mais ou menos como aquele comerciante que descobriu que seu funcionário estava sendo falso à bandeira e não o dispensou, argumentando que já conhecia o triste vício do servidor (de gostar das coisas do alheio) e que, assim, poderia vigiá-lo com maior eficácia.