De qualquer modo, a confusão é grande. O candidato Eunício não foi, mas os eventos em Iguatu, incluindo um grande comício, foram organizados por um dos seus principais cabos eleitoral no interior, o ex-prefeito de Iguatu e candidato a deputado estadual Agenor Neto (PMDB). Pelo que disse o patrocinador da campanha de Camilo Santana, o governador Cid Gomes, teremos um pleito sem a participação em palanque de candidato a governo de dois dos principais presidenciáveis – Dilma e Aécio. Ainda que o tucano Aécio perambule pelas diversas regiões do Ceará e possa mesmo fazer comício em Fortaleza, só terá em seu palanque o senador Tasso Jereissati e, possivelmente, o vice Roberto Pessoa.
Só quem tem palanque garantido e sem problemas no Ceará e candidata Marina Silva, herdeira da candidatura de Eduardo Campos. Mesmo assim, será um palanque pequeno de tamanho e mais ainda de votos. A candidata Eliane Novais (PSB) não consolida sua candidatura e faz um discurso ruim de conteúdo e forma.
SEM USO DA MÁQUINA NA RETÓRICA
COM USO DA MÁQUINA SEM RETÓRICA
O governador Cid Gomes (Pros), que lançou e mantém a campanha do petista Camilo Santana, solta a retórica para dizer que nos atos oficiais do seu governo não existe campanha. Ele sequer aceita dar declarações sobre questões eleitorais. Explica que, em período eleitoral, tenta conciliar o exercício do cargo com a militância na campanha de seu apoiado. Sendo assim, ele tenta deixar bem clara sua participação nos eventos da campanha, limitando-a aos finais de semana e ao período noturno. Durante a entrevista, no Palácio da Abolição, que fez questão de ressaltar, Cid disse que “eu não posso, enquanto governador, e estamos aqui no Palácio da Abolição, ficar misturando administração pública com política. Tenho de me comportar até o dia 31 de dezembro como governador. Sobre eleição, posso falar em outra hora, sou um militante fora da esfera do trabalho de governador, tenho um candidato, mas não posso misturar as coisas”.
Se o governador Cid Gomes mostra preocupação e constrói uma retórica de duvidosa consistência para destacar que mistura os palanques, a presidenta Dilma Rousseff nem disfarça e afirma, sem qualquer cuidado retórico, que a sua agenda de candidata vem permitindo que ela consiga “fiscalizar” obras do Governo Federal pelo país. Questionada se a campanha prejudicaria sua atuação como administradora, respondeu que como candidata pode fazer as duas coisas: fazer supervisão e fiscalizar as obras, e ainda usou o dito popular para arrematar: “O olho do dono engorda o boi. O olho da presidenta... se tiver alguma coisa errada, vou ver”.