Devo dizer que não assisti o debate. Minha antena, mesmo com um tufo de palha de aço da Ponta, não capta ainda o sinal de TV UHF, mas consegui uma cópia de alguém que gravou alguns trechos. O formato (cada um passando por um centro de uma roda durante um bloco) poderia facilitar a discussão direta, mas não rolou na dimensão desejada. Como foi o primeiro debate e a audiência é sofrível só quem usou o jogo livre e direto foi o candidato Ailton Lopes do PSOL, como franco atirador. A fraca candidata do PSB, Eliane Novais, irmã do dono do partido, Sérgio Novais, não acrescentou nada ao que se sabe dela e ficou com aquela cara de lua cheia que parecia estar em outra estação. Quando falou algo fora do script meteu a presidenciável Marina pelo meio sem qualquer senso de oportunidade. Perdeu a chance de conseguir se colocar melhor.
Mas quem esperava um confronto entre os dois candidatos de ponta ficou só na vontade. O candidato Camilo Santana, do PT do clã Gomes, se manteve o tempo todo fechado, fugindo de qualquer confronto, comportamento semelhante ao de Eunício Oliveira (do PMDB), que só bateu boca com os candidatos Aílton Lopes (PSOL) e Eliane Novais (PSB), ainda sem maiores consequências. Só deu um leve frisson quando a candidata “socialista” abordou a denúncia veiculada na imprensa nacional sobre captação irregular de água no lago Paranoá, em Brasília, para uma casa de Eunício. Segundo ele, a água vem de um lago que existe dentro de seu terreno. “Se você quiser ir a Brasília, pode ir à minha casa verificar se tem isso”, respondeu Eunício. Então, é mesmo verdade. Coisa feia.
Como é praxe escolher um entre os debatedores que tenha se saído melhor, sigo a via de regra (vixe, adoro uma via de regra) e a opinião do jornalista Henrique Araújo, editor-chefe do núcleo de cultura do O Povo, em comentário sobre a matéria, que aponta Aílton Lopes como o vencedor. Foi o mais animado e o mais solto de um debate insosso e fraco de conteúdo.