O candidato do PMDB, senador Eunício Oliveira, disse que recebeu a pesquisa do DataFolha com alegria e humildade, mas em verdade, ele e a equipe de assessores viajaram na graxa, dominados pela euforia, já fazendo a conta da vitória. Até a agenda, com o discurso do respeito ao falecimento do candidato do PSB, Eduardo Campos, está sem atividades, de rua, pois internamente as comemorações são intensas.
Mesma alegria, que já vi em outros filmes, acontece nos gabinetes da campanha Tasso Jereissati (PSDB) ao Senado, que mantém 35 pontos percentuais (veja tabelas publicadas pelo jornal O Povo) de vantagem sobre Mauro Filho, o candidato do PROS, bancado pelo clã Gomes. A tirar pelos números, limpos e secos, a celebração do grupo de Jereissati é maior, porque ele é melhor, na preferência do eleitorado do que Eunício. E Jereissati, a tirar pela foto que deixou publicar - de queixo levantado, olhando por cima (da carne seca) - acredita também que a fatura está liquidada. Será? Ele tem estrada suficiente para julgar melhor, mas seu pessoal de pesquisa/marketing é mais de adular do que de dizer a verdade.
CALMA, GENTE! MUDANÇAS SÃO POSSÍVEIS
Interessante como o segmento político mais oportunista e (ou porque) ignaro raciona curto e sem memória, não que em campanhas eleitorais os fatos se repitam, mas não se pode desconhecer que são referências importantes. Ouvi de alguns, em conversa miúda, que a "eleição já estava definida" e que seria melhor "aderir logo", porque o "home (Eunício) está com tudo". Frase que significa dinheiro muito e votos, conforme a pesquisa. Abri os jornais e vi a prova do que digo: uma matéria (manchete de página) já dá conta, embora admitindo controvérsias, que alguns prefeitos ligados ao candidato do clã Gomes já estão migrando para o lado do candidato do PMDB.
O que entendo, de acordo com minha formação acadêmica e pelo tempo de estrada, é que o quadro publicado, tanto para o governo como para o Senado, ainda muda muito. Claro que se o candidato do governo não conseguir crescer (é natural que cresça, pelo baixo conhecimento dele e pelo bom desempenho administrativo do governo, que será exaustivamente mostrado), o reflexo negativo será bem maior no candidato ao Senado - sempre muito influenciado pelo desempenho do candidato ao governo. Basta olhar para as eleições passadas, desde a retoma da democracia. O que quis dizer é que sempre o candidato ao governo arrasta (ou derrota) o candidato a senador.
O QUE AJUDA E O QUE ATRAPALHA
A mudança acontecerá. Camilo, principalmente, cresce e Eunício sofrerá uma acomodação descendente. os dois outros candidatos também somarão alguns ganhos. Mesmo cambio ocorrerá na campanha de senador, porém, de intensidade menor. Mas será que o crescimento de um e a queda do outro serão suficientes para dar a vitória aos candidatos (governo e senado) do clã Gomes? O que pode atrapalhar ou ajudar os candidatos?
Disse em artigo anterior que a política passava por transformações, como o futebol brasileiro. Novos valores, ainda que tímidos, dependendo da situação, estão chegando e impondo câmbios. São inovações quase imperceptíveis, mas presentes. Como sempre, o que faz a diferença é o ser humano, ou seja, depende dos candidatos, de suas estruturas e do suporte (BG) que os respalda.
A TV e o rádio estão começando agora (19/08/2014) e vão ser o instrumento maior das mudanças, porque aumenta conhecimento de quem tem pouco, firma conceitos e conteúdo. Digo sempre que fazer uma campanha é como fazer uma novela inédita (quando todo mundo é conhecido são como "remakes"). Desde o primeiro momento na TV se vai construindo o personagem, agregando-lhe valores, atitude e conteúdo. Quando o herói se destaca e a novela é de sucesso significa que a vitória está garantida.
Esse é o caso. Pode até ser diferente, mas as previsões de desempenho dos atores principais da novela patrocinada pelo clã Gomes não são boas. Os candidatos não tem passado empatia e conteúdo nos "teasers" da novela. Desse modo, em que pese a novela do PMDB não ser a melhor, porque dominada por um já ganhou, que atrapalha, pode acontecer, que, mesmo caindo, sustente índices que lhe confiram uma melhor audiência, digo, vitória. Dos dois candidatos menores, Eliane Novais, não fosse sua antipatia, poderia até ter um desempenho surpreendente, ainda que não fosse uma vitória. Mas sua limitação empática e a obstrução da fonte principal de financiamento, que se esvaiu em mais da metade com a morte de Eduardo Campos, são obstáculos quase intransponíveis.