Não entro nessa de que o eleitor brasileiro não sabe votar, como disse Pelé (autor de outras sandices) um dia. Mas não posso deixar de reconhecer que muitos eleitores se vendem (como, também, muitos partidos) o que, inegavelmente, compromete o nível da democracia representativa, notadamente, nas casas parlamentares. De que outra forma, teríamos vereadores como “Aonde É” (PTC) e Leonelzinho Alencar (PTdoB), que CONFESSOU ter colocado até a esposa no programa Bolsa Família?

Há também o grupo que vota em troca de favores, a maioria via TV ou rádio, que constitui a bancada do microfone, despreparada e sobrevivendo da disfarçada “compra de votos” via “serviços”. Neste grupo está o vereador Victor Valim e deputados como Edson Silva (federal), Ferreira Aragão e Ely Aguiar (estaduais), entre outros.

O maior grupo, o mais descarado, mas resguardo pelo sigilo do dinheiro em espécie (que não tem cor e nem deixa rastro) é o que vai direto à compra de “colégios” eleitorais, é claro. Aí o eleitor é vendido por um intermediário, chamado de “liderança” política. São vereadores, deputados que compram e pagam e não precisam voltar aos bairros, municípios ou regiões em que foram votados, via “liderança”. O problema nesse modelo é que, a cada eleição, o candidato tem que mudar de “colégios” e, claro, de “lideranças”. Há deputado, como Vicente Arruda, que, conforme dizem, já está na segunda volta aos “colégios” do Estado.

Dessa forma, como esperar procedimentos e atitudes éticas desses representantes? No mandato, eles só atuam no sentido de fazer caixa pessoal e para a próxima campanha. Nesse rumo, vele tudo, “rachadinha” na folha de “assessores”, notas frias na VDP e o famoso “violino” nas emendas parlamentares de obras (caso do Senado e Câmara Federal e, em alguns estados, também das assembleias), sem falar na generosidade dos governos, corporações e empresas que querem aprovar leis e projetos nas casas legislativas (nos níveis, federal, estadual e municipal). É assim que parcela ponderável do eleitorado pode ser enquadrada como conivente em procedimentos como o de Leonelzinho, de “Aonde É” e de tantos outros que compram voto, de forma direta ou disfarçada em serviços e favores.