Nunca um “Sancho Pança” da política brasileira foi tão disputado
pelos “cavalheiros que prometem derrotar moinhos de vento(*)” que disputam o trono
do governo do Ceará. O candidato do PMDB, senador Eunício Oliveira (não perde
nada, pois tem mais quatro anos de mandato), anunciou que Lula da Silva (PT) prometeu
recentemente que virá ao Ceará para subir em seu palanque peemedebista. O
anúncio não arrancou um protesto vigoroso do candidato petista do clã, Camilo
Santana. “Só posso dizer que sou o candidato do PT, estou coligado a 18
partidos e meu número é o 13”.
O que parece ser inegável é que os postulantes (os dois mais
ricos de grana, partidos, tempo de TV e rádio, é claro) ao governo do Ceará
continuam achando que ter Lula da Silva no palanque é meio caminho andado rumo à
cadeira ora ocupada por Cid Gomes. Eunício, pelo menos, parece já não achar
isso de recandidata petista Dilma Rousseff. Esperto como é, já detectou que ela
não está essas fortaleza toda e fez uma chantagem velada a Lula da Silva, com
um argumento fatal para os petistas preocupados com o desempenho modesto da
candidata: se ninguém aparecer no meu
palanque no Ceará vou ter que apoiar o candidato tucano.
Enquanto corre essa balela de apoio no palanque, os petistas
da cúpula cobram mais atitude de um lado e do outro. De Eunício, dizem que ele
não está se empenhando em defender a candidatura Dilma e dos petistas mais
arredios (turma de Luizianne, sobretudo) cobram presença nos atos políticos de
Camilo. Infelizmente, não há candidato que possa ocupar uma terceira via – não
se pode esperar isso de Eliane Novais (PSB) ou de Ailton Lopes (Psol) – mas da
dupla que realmente disputa o cargo, nem um, nem outro, consegue qualquer
ressalto. São iguais em tudo: nos vacilos, no fraco conteúdo (notadamente na segurança,
educação e saúde), nos gastos de campanha, no passado não inodoro e até nas autoridades
que querem no palanque. Não se trata de campanha de disputa de conteúdo
ideológico ou mesmo de oposição limpa e seca. Trata-se muito mais de uma briga
pelo domínio do bolo, do qual todos comiam antes e do qual vão continuar se fartando
depois.
(*) Personagens centrais do clássico Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes.