Se no cenário nacional a comoção é maior, na província Ceará há abalos, mas o barro é de espécie inferior. Já disse antes e repito agora que nunca antes na história deste Estado seco e sem rios perenes as opções majoritárias, fundamentalmente para governador, apareceram tão fracas e desalentadoras. Dá mais desânimo ainda perceber que não há terceira via.
De qualquer modo, os abalos existem e nem sempre são entendidos, porque não alcançam ou por um prematuro e descabido estado de euforia, que atinge até assessores menores, também fartos de propina e embriagados pelo poder. Situação que levou um conhecido profissional da área de comunicação, identificado com o metiê, a dizer que "a máfia é muito pesada".
Veja, atestando o que foi dito no item anterior, que na espontânea, Eunício lidera com 17%, Camilo, com 7% e até, mesmo não sendo candidato, o governador Cid Gomes (Pros) aparece com 3%, enquanto Eliane Novais tem apenas 1% e Ailton não pontua. É o "recall(zão)" (recordação, pelo uso massivo da mídia e do cargo) que fala mais alto. Os números da perquirição estimulada (apresentação dos nomes que concorrem ao cargo), neste momento mais afetadas pela lembrança passada, apontam que nem segundo turno haveria (veja números nos quadros) se o dia do voto fosse hoje. Mas falta muito e no dia 4 de outubro, o dia do voto, valerá sobretudo a lembrança atual, da campanha, ainda fortemente influenciada pela TV e o rádio.
QUEDA DO GOVERNADOR PREOCUPA MAIS
O ex-governador Lúcio Alcântara (hoje no PR) foi um inusitado caso de um governante bem avaliado a perder uma reeleição (tinha mais de 60% de aprovação). Uma campanha errada - chorando como filho bastardo, pelo apoio de Lula da Silva, já no palanque adversário - e muita traição produziram o resultado, responsável pela consolidação do grupo que ocupa o poder hegemônico na província cearense por quase oito anos. Veja que as diferenças fazem as diferenças. Cid Gomes, final do segundo mandato, patrocina um candidato sem experiência político-administrativa mesmo tendo apenas 46% de aprovação. Dados que não conheço, mas que o jornal que contratou (encomendar abriga, também, significados depreciativos) o levantamento publicou apontam que a aprovação de Cid cai de 65% para 46% no segundo mandato (veja quadros). É ruim.
Nada em campanha é igual, mas na sua reeleição, Cid Gomes fez crescer a aprovação de seu governo, que estava em números semelhantes ao atual, meses antes da campanha. Repetir o ato agora é mais improvável, porque ele não é um candidato, mas sim o padrinho. Não há outra caminho. É usar a estrutura partidária (coligação de 18 partidos) como base, fazer no horário eleitoral uma exaustiva campanha de prestação de conta (do que foi feito nos oito anos) e amarrar que muito mais será feito, incluindo as grandes obras em curso, se o eleitor escolher o candidato dele, que deve ajudar tendo um boa desempenho no palanque eletrônico. Se os três itens funcionarem solidamente um bom embate se produzirá.