A reviravolta que anunciamos aqui aconteceu, segundo as pesquisas. O Ibope (26/08/14) deu que Dilma tinha 34%, Marina 29 e Aécio 19 das intenções de voto. Quatro dias depois, veio o DataFolha (30/08/14) e apresenta um resultado mais acachapante para as pretensões de Dilma (PT) e Aécio (PSDB): Marina 34%, Dilma iguais 34% e Aécio apenas 15% das preferências eleitorais. Não se deve comparar uma pesquisa com outra, se são de institutos diferentes, mas somente entre o DataFolha o crescimento de Marina foi explosivo. No campo de 14 e 15 de agosto, logo após o acidente que matou Eduardo Campos, que era o candidato do PSB, Marina aparecia com 21%, Aécio com 20 e Dilma com 36%. Em 13 dias, Marina subiu 13%.

No segundo turno, Marina melhora também seu desempenho. Seria eleita presidente da República com dez pontos percentuais de vantagem em relação à rival: 50% a 40%. Antes, havia um empate técnico no limite máximo da margem de erro, Marina foi de 47% para 50%, enquanto Dilma recuou de 43% para 40%. A pesquisa Datafolha não fez simulação de segundo turno entre Marina e Aécio.

Juntos, todos os outros candidatos à Presidência somam 3% - entre eles, o Pastor Everaldo (PSC) tem 2%. Eleitores que pretendem votar nulo ou em branco totalizam 7%. Outros 7% estão indecisos. Confira a reviravolta de Marina no mapa abaixo (DN)


O BICHO VAI PEGAR


Não gosto de falar isso, mas não posso deixar de dizer que tenho defendido aqui que o programa de Aécio Neves (PSDB) está com erro de conteúdo e de forma. Já o programa da Dilma não considero que esteja errado. O que houve foi uma brutal mudança das intenções de voto do eleitor, que agora exige uma nova estratégia, que ela terá dificuldade de encaixar. Primeiro, Dilma e seus geniais marqueteiros, incluindo Lula da Silva, vão ter de escolher o adversário para o objetivo de segundo turno. Se Marina disparar só deverá ser atacado (por Dilma e Aécio) se surgir o risco de ela decidir a parada no primeiro turno. Se isso não acontecer, como presumo (Marina deve estacionar na faixa dos 40 e até pouco mais), Dilma deve fazer tudo para segurar seus 34% e para não deixar Aécio crescer. O segundo turno será outra parada, com poucas chances para Dilma, mas vale a tentativa, que deve plantar a semente de uma virada (quase improvável) ainda no primeiro turno. Já o tucano Aécio Neves deve escolher Dilma como adversária na briga pela segunda vaga para o segundo turno e apostar tudo na desconstrução do PT e de Dilma, sutilmente fazendo um casamento do esquema minguante como Oe esquema crescente. O caminho é este, agora saber fazer é outro conversa.


A estratégia de bater, de atacar é mais difícil. Vale muito mais o efeito espelho. E ir para o caminho “pau puro” é o caminho que defende o petista José Guimarães, vice-presidente do PT, o deputado federal José Guimarães (CE). Ele diz, depois que viu os números do DataFolha que chegou a hora da fase de "boa moça". Temos de ir para o “enfrentamento político com a candidata do PSB à Presidência”. Guimarães considera ainda que Marina só toma os votos de Aécio e que Dilma está se segurando e deve se preparar para vencer no segundo turno. Depois, repete a cantilena de Lula, que não tem dado mais resultado: "Vamos comparar os legados e mostrar o que pensamos para o País. Temos todas as condições de vencer o pleito no segundo turno".

REFLEXOS NOS ESTADOS

Claro que a pesquisa, registrando a reviravolta de Marina da Silva e do seu PSB com apenas pouco mais de dois minutos de TV, gera profundas mudanças também nas eleições estaduais. Em alguns deles, onde o PSB tenha bons candidatos, o que não é o caso do Ceará, a preferência de voto do eleitorado também pode mudar. No Ceará, quem é mais afetado é o candidato Camilo Santana (PT) e seus patrocinadores, o clã Gomes. A campanha televisiva dele está com erro de foco e deverá mudar, mas, agora, é uma aposta de resultado duvidoso. Desgarrar do cenário nacional e tentar caminhar com os resultados da casa é a melhor opção, mas não querendo dizer que foi Camilo quem fez tudo. A gente que com o clã Ferreira Gomes isso não cola.

O peemedebista Eunício Oliveira correu de um navio que afundava e disputou ferrenhamente um espaço em outro que está à deriva. Ladino como é, vai encolher seus dedos e não falar mais de Dilma e muito menos de Aécio. Vai descolar até de Tasso Jereissati, seu candidato a senador, mais do mesmo partido e muito identificado com Aécio Neves. Oliveira deverá também fazer radicais mudanças no seu piegas programa de TV.

A verdade é que o retrato que trouxe a pesquisa, virando o mês de agosto para o decisivo setembro, com menos de 15 dias de TV, COLOCA UM NOVO CENÁRIO ELEITORAL, QUE DEIXA CLARO QUE O ELEITOR QUER MUDANÇA.