Mas como fede essa lama que o ex-diretor da Petrobras Paulo
Roberto Costa está derramando em cima dos birôs da Polícia Federal e da Justiça.
A cada dia, mais pessoas aparecem como implicadas e novos esquemas
(convergentes) são revelados. A destinação do volumoso dinheiro da propina
(algo em torno de R$ 10 bilhões somente neste caso) é que pouco muda: esquema
de engorda (enriquecer à custa alheia) e financiamento de campanhas. As duas
destinações, em verdade, estão sempre imbricadas. O financiamento de campanha
significa a manutenção e ampliação do esquema, com a garantia do acesso e da impunidade.
Exemplos: o novo político (se for o caso, porque há aqueles que voltam) que
concorre a um cargo recebe o financiamento e a contrapartida é o ingresso no
esquema para refazer e ampliar o caixa da engorda; ou então, o político
poderoso indica seus asseclas para gerenciar grandes empresas públicas, fundos
de pensão ou outras quaisquer. É o caso do Paulo Roberto Costa, quando foi diretor
de Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012, e de Sergio Machado (ex-senador
do PMDB), que é presidente da Transpetro, subsidiária do setor de logística da
Petrobras. Machado foi posto lá pelo senador Renan Calheiros (PMDB), presidente
do Senado, que tem vasta experiência no tráfico de influência e na apropriação
do alheio e é o principal garantidor da aliança com o governo de Dilma Rousseff
(PT).
O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, segurando-se há
10 anos no cargo, disse, em nota, que “trata-se de uma afirmação absurda e
falsa”. Afirmou estar “indignado com a divulgação do suposto conteúdo de um
depoimento dado a portas fechadas e sobre o qual não se tem nenhuma informação oficial”,
além de afirmar que tomará “as providências cabíveis” e processará “quem quer que seja na defesa da Transpetro”. Parece que o senhor Sergio Machado foi tomado pelo mesmo complexo de Luís XIV de França quando soltou a frase "LÉtat cest moi (O Estado sou eu)". O processo - se existir - será em sua defesa e não da Transpetro, senhor Machado? A Transpetro é a rica empresa
saqueada, a vítima é o povo e os acionistas da estatal. O senhor, como afilhado
de Renan, a ser verdade o que revelou Paulo Roberto Costa, é um dos coletores e também um beneficiário da propina e apenas estava fazendo a
distribuição de uma das parcelas do volume arrecadado (pois outras parcelas têm
outros destinos no esquema), para financiar eleição e assim preservar o esquema
de engorda e dominação.
MALHA DE
ACOBERTAMENTO
Novos caminhos no caso surgem a partir de depoimentos de
pessoas citadas pelos acusados. A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef,
Meire Poza, em depoimento à CPI mista da Petrobras, disse que o então ministro
das Cidades de Dilma Mário Negromonte (PP-BA) indicou ao doleiro Youssef a
compra de uma empresa de rastreamento de veículos de Goiânia (GO). Afirmou
ainda que emitiu R$ 7 milhões em notas fiscais frias durante os anos em que
prestou serviços para o doleiro. Negromonte, que era deputado federal pelo
PP da Bahia, renunciou ao cargo, ou seja, largou uma trincheira do esquema da
propina para assumir outra. Foi para o Tribunal de Contas dos Municípios. É um
vampiro tomando conta do banco de sangue.