Agora é o só voto, no primeiro turno. Na disputa presidencial, o segundo turno é certo, mas na disputa pelo governo do Ceará permanece a dúvida, que só poderá ser diluída momentos antes da apuração – no resultado da pesquisa de boca de urna – ou um pouco mais tarde, quando a apuração eletrônica for encerrada.


Disse antes e repito agora que o candidato do PT do clã, Camilo Santana, me parece aquele que terá a vantagem: de ir para o segundo turno em primeiro lugar ou de liquidar tudo já nesse domingo (05/10/14). Tenho pouquinha coisa mais de meio século, mas nunca vi no Ceará, uma eleição tão rejeitada pelo eleitor como a atual. Os dois candidatos de cima da preferência eleitoral (Camilo Santana-PT e Eunício Oliveira-PMDB) não agradam de todo e os de baixo (Eliane Novais-PSB e Aílton Lopes-PSOL) são tão rejeitados que correm o risco de ficar devendo voto, mesmo fenômeno que aconteceu com Sérgio Machado na eleição contra Tasso Jereissati em 1998. Machado é do PMDB e está há 10 anos na Transpetro, subsidiária da saqueada Petrobras, indicado por Renan Calheiros, presidente do Senado.

Para se ter uma ideia precisa do fastio quanto ao prato oferecido ao eleitor cearense, basta ver que as pesquisas eleitorais deste reta final ainda apontam uma indecisão entre 14 e 15%. Neste período, o normal é ficar entre 6 e 7%. Os cabos eleitorais famosos, desta vez, pouco ou nada adiantaram, até porque eram os mesmo para os dois de cima. Se na disputa governamental os políticos famosos não importaram, na corrida ao Senado foi pior. Mauro Filho (Pros), que teve ao lado todo o clã Gomes, Camilo, Dilma e Lula, encruou nos 20%, enquanto Jereissati se segurava nas alturas de 58%, mesmo com uma campanha pífia, que teve duas mudanças da equipe de marketing, mas pouco acertou.




OS DEBATES, DAQUI E DE LÁ

Muito se apostou nos debates, mas, no caso do Ceará, foi abnóxio. Ficou tudo como dantes no reino de Abrantes, apesar do excesso de lama que um lado e o outro da parte de cima (ajudado pela parte de baixo) colocou no ventilador. Sujeira que seguiu até o encerramento da propaganda eleitoral. Os dois saíram melados, mas não muda nada porque o eleitor não tem opção. Tem de escolher um entre os dois enlameados.

No cenário nacional, o debate final (TV Globo) foi importante e serviu para clarear as alternativas que tem o eleitor da disputa presidencial. Vi tudo e devo dizer, à minha ótica, que os dois dos sete participantes que tiveram maior destaque foram Aécio Neves (PSDB) e Levy Fidelix (PRTB). Depois, pela ordem, Pastor Everaldo (PSC), Marina Silva (PSB), Dilma Rousseff (PT), Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSOL). 

No G-3, Aécio mostrou preparo e clareza no que defende e na busca dos seus objetivos. Marina não conseguiu ser clara, perdeu-se na mesmice de sua vida de penúria que o eleitor já sabe ou não quer saber. Preferia saber como Marina iria resolver os enormes problemas brasileiros. Já a presidenta candidata Dilma Rousseff, com tudo muito bem ensaiado, ficou só na embromação de comparar a era FHC com a era Lula/Dilma, difícil de engolir porque a herança de um período e de outro foi bem diferente. 

No bloco dos pequenos, Fidelix voltou a ser foco das atenções jocosas, mantendo-se nas posições polêmicas de defesa da família constitucional, corroborado pelo pastor Everaldo, enquanto Luciana dava um show de radicalismo e o Eduardo flutuava nas ondas verdes.

Considero, mais uma vez à minha ótica, que Aécio Neves tem sim possibilidade crescente de estar no segundo turno com Dilma Rousseff.