Se para governar um país, um estado ou um município fosse suficiente andar ou até passear para lá e para cá para ver como tudo funciona o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), seria campeão.

Providências não foram tomadas, mas o que ele andou é uma enormidade. Já viu os banheiros que não foram construídos, as obras que estão paralisadas (algumas em curso), já foi vistoriar os efeitos da seca (e até das chuvas, em alguns locais), mesmo sendo interiorano, e até navegou às contaminadas águas do rio Cocó.

Como ainda não foi suficiente, depois de uma ida a São Paulo, com a família - parece que a passeio, aproveitando o feriadão de primeiro de maio -, Santana anunciou UM NOVO PÉRIPLO, AGORA, PELOS HOSPITAIS PÚBLICOS.

O governador cearense não entregou nada nem parecido com o que ele prometeu na campanha também na saúde. Por isso, vai caminhar pelos hospitais públicos, prometendo, diferente das outras caminhadas, ADOTAR UMA ESPÉCIE DE OPERAÇÃO DE CHOQUE PARA CONTER O QUADRO DE CAOS NA SAÚDE.

Há o reconhecimento de que a situação da saúde é precária e a crise nacional, que derrubou os repasses, piora tudo. Ademais, a escolha, pelo pai, do nome para gerir a pasta (Carlile Lavor) não foi feliz. O difícil é despachar. Lavor está atrasado, pelo menos, vinte anos.

O secretário já meio sem pasta andou dizendo que o PROBLEMA DA SAÚDE NÃO ERA SÓ DE DINHEIRO. Já ouvi o contrário do médico Lineu Jucá (DEM), que foi vice de Moroni na eleição passada - ele acha que tudo é só (a falta de) dinheiro. Nem tanto a Lavor e menos ainda a Jucá. Falta dinheiro, é claro, mas falta, fundamentalmente, GESTÃO.

Uma prova disso é que o governador anterior, Cid Gomes (Pros), responsável pela eleição de Camilo, nunca sequer tentou planejar a sustentação dos hospitais e UPAS que construiu.

Planejamento parece mesmo não ser o forte do clã Gomes. O mais velho do clã, CIRO, quando governador, início da década de 90, construiu o canal do trabalhador (fiz, com equipe de primeira, um livro sobre o tema - O HOMEM QUE FEZ UM RIO) no improviso. O risco de desabastecimento (água) de Fortaleza a tudo justificava.

Agora, a água entra de novo na vida do clã. Trata-se do Acquário, obra marco do mais novo do clã, CID. A obra foi iniciada sem discussão, sem alvará e sem os recursos solicitados no exterior. O rolo tomou conta e a obra está contestada e paralisada, depois de mais de R$ 100 milhões do contribuinte gastos. Só Freud explica.