Sim, conheci o ex-deputado Paes de Andrade e recebi com serenidade a notícia (08/06/15) de sua morte, porque naturalmente decorrente do fechamento da desequilibrada equação da vida.

Sobre ele, que sempre esteve no PMDB, desde que era MDB, se pode dizer que seu auge foi quando, como presidente da República, em exercício, pois era presidente da Câmara, veio ao Ceará para assinar a ordem de serviço de construção do Castanhão, aproveitando para visitar, como presidente a sua terra natal, Mombaça. Uma lambança completa que virou chiste pelo Brasil afora.

O hoje senador Tasso Jereissati era governador e teve que ir receber o presidente Paes de Andrade e a comitiva presidencial completa. Estava junto e fui no avião presidencial adequado para a operação em Mombaça, um desconfortável Búfalo C115 da FAB, hoje, em processo de aposentadoria.

Jereissati estava com o beiço dobrado porque ficara zangado com a manobra de Paes de Andrade de assinar em Brasília a ordem de serviço para a construção do Castanhão e mais ainda ao entender que ele viria para solenidade de lançamento da obra no Ceará. Quando soube da manobra política, TJ estava na abertura da Exposição do Crato e reagiu dizendo que Paes estava brincando de ser presidente.

Claro que Jereissati queria que tudo fosse feito a partir dele e Paes de Andrade levou os galardões. De qualquer modo, o Castanhão está aí, hoje, com menos de 20% de sua capacidade, mas uma fronteira de resistência à crescente escassez de água.

Paes foi duas vezes, do que me lembro, candidato majoritário - a prefeito e a senador. Disputou a prefeitura de Fortaleza com Lúcio Alcântara e Maria Luiza Fontenelle. Foi dormir pensando que ele ou Lúcio seria vencedor e acordou vendo Maria ganhar, em uma virada que pegou até o tendencioso Ibope. Lutou (e perdeu) por uma vaga no Senado com Beni Veras. Mas foi eleito oito vezes deputado federal. "Os porões da ditadura" perdem seu mais contumaz crítico.