Veja a diferença do ritmo da investigação norte-americana - e nem compare com a do Brasil. Uma semana depois de deflagrada a ação contra os corruptos do futebol mundial, principalmente os latino-americanos, com a prisão de sete dirigentes da FIFA, incluindo o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, todo o castelo da direção internacional do futebol desmoronou.

Na efervescência da crise, Joseph Blatter teimou e até ameaçou, dizendo que os incomodados se retirassem, e foi reeleito para o quinto mandato na presidência da FIFA, mas só resistiu quatro dias: renunciou ao cargo e foi revelado como principal alvo de investigações.

A estratégia dos investigadores foi montada e a ação foi cirúrgica. Prenderam os sete dirigentes setoriais do futebol mundial, incluindo o brasileiro José Maria Marin. Depois, fofaram o caminho do todo poderoso secretário-geral e braço direito do presidente, Jérôme Valcke, aquele mesmo que chegou a dar um carão nos brasileiros durante os aprontamentos da Copa do Mundo do Brasil. Para entender bem, Jérôme Valcke era como se fosse a Dilma do Lula da Silva.

Com o pé de Jérôme Valcke já preso no fojo, não houve escapatória para o presidente Joseph Blatter, que mesmo parecendo valente e com um discurso político e arrogante, como Zé Dirceu na época no MENSALÃO, falou fino e anunciou a renuncia. E com a queda do topo da pirâmide do arranha-céu da FIFA, a força do empuxo saí derrubando todos - cúmplices, protegidos e protetores. Mais gente vai cair. Se fosse no Brasil, Blatter e Valcke estariam pedalando suas bicicletas, como a presidente Dilma Rousseff.

E como no Brasil o que sobra é corrupto, gaiatice e oportunismo, já existe CPI para apurar o que já (não) foi apurado na CPI encerrada bem recente, e pressão, incluindo do Planalto, para que o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, renuncie. É o que se chama de presunção de culpa. Deixem o homem se pronunciar ou a investigação nele chegar. A pressa devia ser cobrada em outro 'corruptódromo'.

O futuro político na FIFA é aparece carregado de crise, mas abre oportunidades para que novos dirigentes possam aparecer, incluindo o ex-craque Zico. É que a queda de Blatter resultará em nova eleição, entre dezembro e março. Também estão na linha sucessória os ex-jogadores Michel Platini e Figo e o príncipe jordaniano Ali Bin Al-Hussein, além do Holandês Michael Van Praag.