O que acontece quando o presidente de um time de futebol vai à mídia para dizer que o treinador está prestigiado no clube? A demissão só demora até chegar à próxima derrota, não é assim?

E quando é a presidenta Dilma Rousseff (PT) que dá entrevista para dizer que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está prestigiado e não isolado, como ele chegou a se queixar, o que virá? No meu entender, ele já está fora. A fritura lenta vem de algum tempo e agora veio a 'visita da saúde'.

Em verdade, a cúpula petista, mais perto da podridão do que do mais elevado princípio coletivo, não engoliu Levy e muito menos seu plano de estabilização, que nada, até agora, estabilizou. Mas a culpa não é só do ministro. Ele foi boicotado dentro e fora e o governo fraco e incompetente nada fez, nem sabia como, para garantir a execução do plano.

E o que muda se Joaquim Levy deixar o governo? Quase nada. Falariam um pouco mais da crise que afete o governo, mas não dá para empurrar mais para baixo quem já está no fundo.

Sabe, penso que estamos nas mãos do senador, de duvidoso caráter e ética, Renan Calheiros (PMDB-AL). Com o esvaziamento do balão inflado em que se transformara o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o meio arquivamento do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) sobrou apenas o presidente do Senado em alta de prestígio e força no cenário dos poderes legislativo e executivo.

Calheiros já entendeu isso e está dando ordens ao Planalto quando pede que seja seguido, na íntegra, o plano totalmente inodoro que ele apresentou. De qualquer modo, o governo virou quase um refém dele, que está conseguindo driblar até a investigação da Lava-Jato.

Foi citado em alguns depoimentos, mas nada, até agora, prosperou. Segue lépido e fagueiro e ainda consegue abafar o envolvimento de aliados, como aconteceu com Sergio Machado, que presidia a Transpetro, subsidiária da Petrobras. Machado perdeu o cargo depois que foi citado por Paulo Roberto Costa de ter contribuído com o caixa da propina com R$ 500 mil mas caiu no esquecimento.

Que Brasil vai sair daí?