Prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), fez alta aposta ao manifestar publicamente seu apoio a presidente Dilma Rousseff (PT). Como entender o gesto político do prefeito? E, fundamentalmente, o que ele ganha, ou perde, com a defesa da petista, ameaçada de impedimento?

Primeiro, vamos situar o prefeito. Vive ele um aperto financeiro, duro porque exatamente no momento em que ele mais precisa para revigorar sua pretensão eleitoral. Nos seus quase três anos de gestão, o prefeito fortalezense não conseguiu cumprir a metade do que prometeu fazer. Não conseguiu acabar com vício do jabá nas questões em que o município tem que dar sua licença.

Sequer conseguiu o prefeito RC limpar a prefeitura dos petistas que foram alocados por Luizianne Lins (PT). Não conseguiu pela barafunda da nau superlotada da prefeitura e também porque nunca deixou de sonhar de ter pelo menos uma banda do PT na sua administração, sobretudo agora quando entra em processo de reeleição.

O ideal para o prefeito é que ele tivesse todo o PT e seu tempo de TV. Um sonho cada vez mais distante. Está certo que o governador cearense Camilo Santana faz parte de sua mesa, mas não significa muito, pois mesmo tendo uma banda do PT mais comportado, Santana não tem voz altiva na direção do partido – local e nacional.

Assim, como o clã Gomes apoia Dilma, ainda que com críticas explícitas, e o próprio governador jura amores à presidenta, o jeito foi assinar, como fez Santana, um manifesto contra o impeachment. Um lance de risco. RC deveria perceber que não é CIRO GOMES e tampouco CAMILO SANTANA.

Para CIRO, pretendente ao trono presidencial, a conduta de dar uma no cravo e outra na ferradura pode lhe cair bem, como um falastrão franco atirador. Camilo cumpre seu papel (mal, por sinal) de governador sempre em busca de recursos. Mas Roberto Cláudio tem o que perder. Como prefeito até se entende: está de pires na mão para concluir obras importantes na acolhida à sua recandidatura.

Mas, por isso mesmo, ou seja, como candidato, tem muito a perder. Primeiro com a popularidade destruída, depois com o efeito repelente a outros partidos, bastante necessários para encorpar sua candidatura e o tempo de TV. Notórios oposicionistas ou antipetistas como Moroni Torgan (DEM), por exemplo, como vão reagir? Será que dois ou três cargos que tem na prefeitura vão segurar Moroni?