Pode parecer que o jogo está pronto para ser iniciado, mas não é o caso, em se tratando da sucessão em Fortaleza-CE. Ninguém está pronto, até mesmo entre os pequenos, já que o candidato do Psol, Renato Roseno, saiu da disputa, deixando a vaga para o vereador João Alfredo. Perde o processo eleitoral e perde o Psol.

Entre os demais candidatos, o que sobra é a insana luta para fechar as alianças e a chapa. O prefeito Roberto Cláudio (PDT) também não está pronto; tem quase todo o espectro partidário mas lhe falta o vice. A grande interrogação, ainda que bem perto de ser eliminada, é a participação do deputado Moroni, do DEM. Fecha a coligação com o PDT, será o vice ou indicará?

Moroni, que faz um bom mandato de deputado federal, tem a possibilidade histórica de ser o candidato e com grande chances de ir para o segundo turno, o que deixa arrepiado candidatos encorpados como o próprio Roberto Cláudio e Capitão Wagner, este sobretudo por correr na mesma raia de Moroni, a petista Luizianne Lins e o socialista Heitor Férrer, em menor escala, pela solidão em que mergulhou.

Há dificuldades que Moroni não quer enfrentar. Há sim, e não é dinheiro. É a mesma solidão que vive Heitor, o que lhe reduz, por ser um candidato midiático e de pequena estrutura (DEM), a um reduzido tempo de TV, mesmo que diferenças fundamentais existam nas regras e formato mídia eletrônica. Mas, a chance de melar e de se incluir como nome forte para o segundo turno existe. Quem seria o outro nome? Roberto Cláudio ou Luizianne? Capitão ou Heitor?

De Luizianne, sabemos que ela vai apostar no braço militante (e beligerante) de sectários de Lula e agregados da máquina pública do PT, em torno de 16%, grande minoria a que ficou reduzida a legenda. Heitor, nos braços do PSB (Funasa), tentando tudo para somar mais alguma coisa partidária, murchou e dificilmente (só se houver erro dos outros) repetirá desempenhos anteriores.

Capitão Wagner, do PR e sua tropa do PSDB e PMDB, vai tentar carregar o vagão, sentindo o peso, do desgaste que leva a legenda peemedebista, sobretudo, e da obrigação de ter bom desempenho. eleitoral para não desmoralizar os caciques aliados. Tem a vantagem, que não é tudo, de dispor de uma grande estrutura partidária e de um latifúndio na mídia eletrônica gratuita. Ainda assim não está convencido. Falta-lhe um bom vice e um bom discurso.

Discurso que, por sinal, não está claro para ninguém, excetuando-se o prefeito RC, que tem as obras, principalmente as inacabadas, para condicionar ao eleitor. Também não será a dificuldade do vereador João Alfredo, a metralhadora giratória da campanha, com velhos e esgarçados conteúdos. Tin Gomes, do PHS, terá o discurso que lhe derem no lado em que se insere -PDT & Cia. Já o evangélico (PRB) Ronaldo Martins tem tudo para ser convencido para ser força auxiliar, como Tin Gomes, do lado dos caciques tradicionais. Fala-se até que poderia ser o vice do Capitão, caso o PMDB tenha dificuldades em indicar um nome -e como tem.

É só pouco mais de uma semana para que o tabuleiro sucessório de Fortaleza fique mais claro, já que as convenções terão de ser realizadas de 20 deste mês (07/16) a 05 de agosto (08/16).


POR QUE O ELEITOR MUDA?

Estamos no limiar do período eleitoral propriamente dito e peço aos candidatos que façam e respondam uma pergunta: Por que o eleitor muda? Ou seja, por que o eleitor deixa de votar em sicrano (sobretudo se for recandidatura) para votar em Beltrano? É bom que comece a elaborar a resposta se indagando o que passa pela cabeça do eleitor no momento em que ele define o seu voto.

As duas questões (vou dizer apenas o "milagre") são fundamentais para que os candidatos, mormente (eita, Arnaldo Santos) de oposição, definam seu discurso. Um candidato entra na linha vencedora quando ele atende a uma teoria discursiva, exercita um símbolo e atua e persevera um ritual. Por esse caminho, o candidato pode influir no processo de escolha -uma eleição racional- do eleitor. Preste atenção!