Os últimos dias, tirando mais um atentado terrorista na França, foram de intensa movimentação política, ainda que tais azáfamas não tenham servido para quase nada. A atividade política mais interessante e que, efetivamente, vem acompanhada de algum significado, foi a eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados, o carioca Rodrigo Maia, colocando o DEM no poder. (Eita, Moroni!)

No mais, "tudo como dantes no quartel de Abrantes", como diziam os portugueses e o que explica a fraqueza de caráter de alguns. Em Brasília, o afastado deputado Eduardo Câmara (PMDB) vive o seu calvário e vai célere para o sacrifício da cassação. Não o defendo. Trata-se de um delinquente com o dinheiro do povo, mas no caso de sua cassação o trâmite e o rol de acusações parece mais páginas de um romance kafkiano. Muitos outros encastelados no poder têm a mesma vida pregressa de Cunha.

No plano nacional, caindo para o estadual, Cid Gomes, o líder do PDT, foi condenado (TJDFT) a pagar R$ 40 mil ao presidente interino, Michel Temer, a título de indenização por danos morais. Em outubro de 2015, durante sua filiação ao PDT, Gomes chamou Temer de “chefe de quadrilha de achacadores”. Eis o resultado da valentia extemporânea, sem falar na que o Estado do Ceará paga.

O governador cearense, Camilo Santana, um aborto eleitoral graças a irreverência política do clã Gomes, foi objeto de matéria nacional, no caso dos tatuzões dos metrôs, menos por culpa da criatura e mais pelo ato impensado e irresponsável dos seus criadores com o dinheiro público. É realmente um estupro forrado com a grana do povo, como foi também o estelionato eleitora de Lula, travestido de promessa, da construção da Refinaria no Pecém.

E as promessas continuadas não se concretizam também na área de segurança: O Ceará Pacífico é pacífico só de um lado. Os criminosos não tomam conhecimento de nada e atacam sem dar tréguas, deixando o "inocente" aparato policial "surpreendido", enquanto policiais e civis são executados. No final, fica a retórica vazia do secretário adjunto de segurança do Ceará, coronel Lauro Carlos de Araújo Prado: "Atirar contra os policiais foi uma afronta ao Estado".

ELEIÇÃO MUNICIPAL
PROJETA PRIMEIROS
LANCES DA ESTADUAL

Não sei quanto a você, mas eu acho que falta embocadura ao senhor governador cearense. Soube até (mas acredito que seja só boato, que deriva da anorexia) que, em uma reunião, alguém do clã Gomes disse que estava passando da hora de Santana dar um sinal de que assumiu o governo. Daí, indagaram dele o que estava faltando, e ele, de pronto, respondeu: estão faltando pouco mais de dois anos para eu devolver o governo. Cid Gomes, presente, foi rápido em redarguir: e eu aceito.

A inapetência do senhor governador embola o quadro sucessório do Ceará de 2018, que tem sua prévia agora na eleição municipal de Fortaleza. Há exceções, é certo, mas a maioria das alianças que agora são feitas têm em vista 2018. O PSDB, sem protagonismo, aposta em novidades, enquanto o PMDB pensa em disputar o governo outra vez, ainda que o medo domine.

No seio do clã Gomes (leia-se PDT e aliados) o foco é igualmente a retomada do governo, mantendo, é claro, o domínio da Capital e de outras grandes cidades do Estado. PT, sobretudo, e outras legenda menos votadas, também pensam no governo, mas estão com prazo de validade vencido. Alguns "bichões" da dita esquerda, como Inácio Arruda, que sobrevive fazendo de conta que faz alguma coisa como secretário de governo (Ciência e Tecnologia), já morreram e só falta sair o enterro.

Os negócios agora giram em torno do patrimônio atual (prefeitura) e das duas vagas de senador, do governo e da vice. Se Roberto Cláudio for reeleito, bem possível, a maior fatia do bolo pode ficar com o clã Gomes - prefeitura (pelo menos por mais dois anos), governo e uma vaga de senador. A outra vaga vagueia. O próprio PMDB, com Eunício Oliveira, dificilmente terá coragem de pleitear a reeleição.

Como o PR (Capitão Wagner) está entrando no jogo, não projeta diretamente o 2018, mas abre ala, caso vença, como também é possível, para o PMDB ter oportunidade mais concreta de conquistar o governo em parceria com o PSDB. Duas vagas para o Senado ficam quase em aberto. PT e PSB têm poucas chances, mas se um deles vencer a corrida prefeitural de Fortaleza haverá um atropelo de rearrumação, abrindo a possibilidade de pelo menos uma vaga ao Senado. Nesse caso, até o insulso Zé Pimentel (PT) pode (o que será impossível em outra situação) ter uma chance de buscar um novo mandato. A outra vaga ao Senado e o governo ficam por conta da rearrumação política.

Podem abrir as apostas!