Até chegar ao anúncio da tríplice aliança o que foi engolido e digerido por cada um dos partícipes? E o quinhão que cada um tem direito no acordo? E, sobretudo, quais os caminhos das oposições?


Vamos por parte. A aliança se fundamentou, essencialmente, no medo do senador Eunício Oliveira de sofrer uma derrota (para o governo e mesmo na reeleição ao senado, se fosse só) e ficar sem a proteção da imunidade parlamentar, uma vez que tem contra ele algumas denúncias na operação Lava Jato. Já o governador Camilo tenta melhorar seu capital eleitoral na busca de conseguir seu segundo mandato. O prefeito Roberto Cláudio, que é novo e pode esperar, tenta sair bem na foto para ficar na prefeitura até o fim do mandato, esperando o 2022. Os Gomes, chefes das duas instâncias do executivo do Ceará, abrigaram no colo, com carinho, o triunvirato esquecendo todo um passado de troca de ataques, como se acometidos um surto de Alzhimer. Bastante conveniente para eles a aliança: barateia a eleição, com custos divididos por três, torna mais fácil a luta, com o teórico enfraquecimento das oposições e ainda amplia o arco de apoio à postulação de Ciro Gomes á presidência da República, embora não signifique votos, necessariamente. Hipoteticamente também deixa ainda mais aberto o caminho para a eleição de Cid Gomes a senador. Sobra somente a vice de Camilo (Isolda cairia fora) para discussão, porquanto a segunda vaga de senador seria de Eunício Oliveira. No PT que se alia ao governador fica fora do arco majoritário o senador Zé Pimentel, que terá de se contentar com uma difícil eleição de deputado federal. Estrelados com pretensões ao Senado, como Luizianne Lins e Zé Guimarães, vão ficar chupando o dedo.